Rebeldes do M23 assumem controle de Goma
20 de novembro de 2012Na tarde desta terça-feira, 20.11, os rebeldes do M23 assumiram o controle de Goma, capital regional da rica região mineira do Kivu Norte, no leste da República Democrática do Congo (RDC).
A cidade já tinha sido conquistada em 1998 por rebeldes pró-ruandeses. Segundo as Nações Unidas (ONU), e também o governo congolês em Kinshasa, o M23 é apoiado pelo Ruanda.
Depois de intensos e violentos combates contra o exército congolês, os rebeldes do Movimento 23 de Março (M23) entraram e ocuparam a cidade de Goma, atualmente alvo de inúmeras pilhagens tanto por parte dos habitantes como dos soldados governamentais em fuga.
E, se existe um sentimento que domina a cidade, é precisamente o medo, como disse aos nossos colegas da redação suaíli o deputado provincial congolês Mayombo Omar bin Fikira: "Estamos em Goma, uma cidade que se encontra controlada pelo M23. Acabamos de ouvir um comunicado oficial da rebelião que pede à população para se dirigir a partir de amanhã aos seus postos de trabalho normalmente", descreveu o deputado.
Um outro deputado provincial, Jaribu Moulouwa, disse aos microfones da DW África "as pessoas estão com medo, principalmente medo de que a violência aumente nas próximas horas. Por outro lado, muitos temem que os rebeldes maltratem todos aqueles que trabalharam para o governo ou no parlamento, e que essas pessoas sejam mortas", afirmou.
Rebeldes deverão administrar Goma
Os rebeldes deverão, a partir de agora, gerir a administração e manter a segurança numa cidade entregue a pilhagens. No apelo lançado ao fim da tarde através da rádio Goma, o porta-voz dos rebeldes pediu nomeadamente aos militares e polícias congoleses, ainda na cidade, para se apresentarem na quarta-feira (21.11) no estádio de futebol de Goma, para se registarem e serem identificados.
O ministro Lambert Mendé, porta-voz do governo da RDC, disse que "o governo condena esta agressão do Ruanda contra o nosso país. O presidente da República [Joseph Kabila] já lançou um apelo à mobilização da nação congolesa para que esta agressão fracasse. Não temos dúvidas. Em Goma, são os tanques e militares ruandeses que assumiram a agressão. Estamos decididos a combatê-los e expulsá-los das fronteiras do nosso país", disse.
Ainda no plano político, Vital Kamehre, líder dos rebeldes, exigiu a demissão de Kabila, que acusa de alta traição. Por sua vez, o presidente da RDC já lançou um apelo à mobilização geral dos congoleses visando defender o seu país e momentos depois partiu para a capital do Uganda, Campala, para uma cimeira dos dirigentes da região.
Autor: António Rocha
Edição: Renate Krieger