"Liberdade já!" para ativistas angolanos ouviu-se em Lisboa
5 de novembro de 2015"Não temos medo!". "Abaixo a ditadura". "Liberdade, Já!". São slogans ou palavras de ordem que se continuam a ouvir alto nas vigílias em Lisboa e no Porto. Desta vez a concentração foi frente à Embaixada da República de Angola, na capital portuguesa.
A acção de protesto faz parte da "luta pacífica contra a injustiça social" e a favor do respeito pelos direitos humanos, em vésperas do julgamento dos 15 jovens detidos desde junho, em Luanda. O grupo é acusado de preparar uma rebelião e um atentado contra o Presidente angolano, José Eduardo dos Santos.
O "buzinão solidário" ecoou pelas 19:15 (hora de Lisboa), em vários pontos do país. Houve apitos, buzinadelas de carros ou quem fizesse apenas barulho. Pedem uma mudança social em Angola e protestam contra as detenções dos que saíram à rua para contestar o regime de José Eduardo dos Santos, sublinha o ativista Jorge Silva. "Eles continuam presos, continua a haver repressão e a fazer-se novas prisões. Não há liberdade de expressão, não há democracia em Angola."
E é a favor da liberdade e da democracia em Angola que diz estar nas vigílias "E vamos continuar. Todo esse processo é um absurdo e deixa Angola numa situação de descredibilidade a nível internacional", critica o ativista.
Segurança reforçada
Os manifestantes querem a libertação de todos os presos políticos e que o Governo angolano respeite direitos fundamentais como a liberdade de expressão, de opinião e de manifestação. Mas também pedem um julgamento justo para os 15 jovens ativistas.
A DW África soube também, por intermédio de um dos manifestantes, de movimentações dos serviços de informação do Governo angolano que terão estado a inquirir alguns dos participantes numa das vigílias realizadas em Lisboa. Fonte segura referiu que o Executivo de Luanda reforçou em Portugal o efetivo de segurança por causa dos protestos das últimas semanas.
Com o olhar virado para a Embaixada de Angola, não se falava de outra coisa senão dos 15 jovens detidos. A estes juntam-se Laurinda Gouveia e Rosa Conde, que aguardam julgamento em liberdade provisória, por não terem sido "apanhadas em flagrante delito."
Casos Mavungo e Arão Tempo
Há também o caso de José Marcos Mavungo, detido há seis meses e condenado, no dia 14 de setembro, a seis anos de prisão, acusado do crime de rebelião.
A ativista Manuela Serrano alerta também para a situação de Arão Bula Tempo, acusado formalmente do crime de tentativa de "colaboração com estrangeiros para constranger o Estado angolano” e também do crime de rebelião. "Arão Tempo, que é bastonário da Ordem dos Advogados em Cabinda, teve um AVC no princípio de outubro e está farto de fazer requerimentos para o autorizarem a ir tratar-se a Luanda porque sofre de graves problemas de saúde. E passados meses foi-lhe negada a autorização para se deslocar a Luanda", lembra.
Entre estes, ainda há o caso de Domingos Magno, detido no dia 15 de outubro por "falsa qualidade". O ativista, com um passe de imprensa, pretendia assistir ao discurso sobre o Estado da Nação na Assembleia da República.
De acordo com os organizadores, as concentrações e vigílias vão continuar todas as semanas, às quartas-feiras, até que os ativistas sejam libertados. No próximo sábado (07.11), voltam a chamar atenção para o que se passa em Angola, em frente ao pavilhão Meo Arena, no Parque das Nações, onde grandes nomes da música angolana vão atuar num concerto.