Justiça sul-africana adia decisão sobre caso Chang
8 de janeiro de 2019O Tribunal de Kempton Park, em Joanesburgo, adiou para esta quarta-feira (09.01) a decisão sobre se o deputado e antigo ministro das Finanças moçambicano, Manuel Chang deverá ser libertado sob caução, antes da Justiça decidir sobre a sua extradição para os Estados Unidos da América.
A juíza Sagra Subroyen justificou esta decisão como forma de dar tempo aos procuradores para prepararem a intervenção, no caso do pedido de extradição. Chang compareceu em tribunal esta terça-feira (08.01) depois de ser detido a 29 de dezembro, na África do Sul, quando se preparava para viajar para o Dubai.
Chang é acusado nos EUA de lavagem de dinheiro e fraude financeira.
Willie Vermeulen, um dos advogados de Chang, opôs-se veementemente à extradição de Manuel Chang, alegando que isso não tinha sido requerido pela Justiça norte-americana.
"Apresentei um recurso que declara de ilegal a contínua detenção do sr. Chang na base de um mandado ilegal e a promotora pediu tempo para analisar e responder aos meus argumentos. Por essa razão, o caso foi adiado."
Por seu turno, o general Zacarias Cossa, conselheiro da polícia junto da Embaixada moçambicana em Pretória e representante do Governo neste processo, disse aos jornalistas que "o caso está ainda em discussão, sendo para nós prematuro tecer quaisquer tipo de considerações em volta desta questão. É tudo quanto se me oferece a dizer a este respeito, muito obrigado."
Entretanto, à porta do tribunal, cidadãos moçambicanos a viver na África do Sul pediram a extradição de Chang para os EUA.
Elpídio Muthemba, um dos manifestantes, expressou a sua frustração: "Gostaríamos que o Governo americano nos ajudasse de verdade a investigar o caso até ao fim, porque, pela Justiça moçambicana nós já tentamos acompanhar, a questão da Procuradoria da República, e até agora ainda não chegou a dar-nos uma informação plausível. Esperamos que, talvez, com a ajuda da comunidade internacional haja qualquer coisa audível sobre esta saga de Chang com o Governo de Armando Guebuza."
Ativistas da organização não-governamental Kulumane (Falem, na língua portuguesa), manifestaram-se empunhando dísticos pedindo a extradição de Chang para os EUA, onde deverá responder pelos crimes de que é acusado.
"O antigo ministro das Finanças, Manuel Chang, não deve sair sob fiança. Os moçambicanos apoiam a extradição e julgamento de Chang por ter desviado a ajuda crítica ao desenvolvimento dos EUA a Moçambique", dizia um dos cartazes dos ativistas, em inglês. "Exigimos a devolução dos dinheiros dos Fundos para o Desenvolvimento roubados pelo antigo ministro das Finanças Chang e os seus amigos corruptos", lia-se noutro cartaz. E numa outra mensagem, em português: "Pátria de Machel vendida por Chang, Guebuza com Chang venderam Moçambique".
Além do antigo ministro das Finanças moçambicano, a investigação que está a ser realizada pela Justiça norte-americana levou à detenção de outros três antigos banqueiros do Credit Suisse, em Londres, e de um intermediário libanês da Privinvest, no aeroporto de Nova Iorque.
Texto atualizado a 9 de janeiro de 2019, às 07h54 (CET).