HIV/SIDA em zonas limítrofes de Angola causa preocupação
5 de dezembro de 2012O HIV/SIDA foi tema de debate esta quarta-feira (05.12) na Universidade Agostinho Neto, em Angola. A Universidade promoveu um encontro científico sob o lema: “Trabalhemos juntos para uma África sem mortes ligadas à SIDA.”
Angola é um dos países da África Austral onde se regista uma das mais baixas taxas de prevalência do vírus da SIDA. Estima-se que 3% da população esteja infetada com o HIV.
Mesmo assim, é um dois países africanos em que se tem registado um aumento do número de infeções entre crianças até aos 14 anos. As autoridades angolanas têm sido criticadas por não atribuírem verbas suficientes aos programas de combate à epidemia.
A DW África conversou com o decano da Faculdade de Medicina, Miguel Bettencourt, sobre o tópico.
DW África: Como é que Angola tem sido afetada pelo drama do HIV/SIDA?
Miguel Bettencourt (MB): Recorrendo aos dados disponíveis, a situação em Angola é relativamente estável e não tão dramática quanto aquela de outras regiões de África. Mas o HIV/SIDA é um drama e deve ser sempre encarado como um drama.
Nós, de facto, temos alguns pontos de preocupação em províncias limítrofes, que estão reportados pelo Ministério da Saúde. Além disso, temos de pegar noutros aspetos que podem constituir focos de problemas. Por exemplo, os aspetos relativos à divulgação e ao conhecimento da população [sobre o HIV], uma vez que, no geral, temos uma população com um nível de conhecimentos ainda baixo e que pode não interpretar adequadamente as informações relativas ao HIV/SIDA.
DW África: Quais são as províncias limítrofes mais afetadas pelo fenómeno?
MB: Por exemplo, a província de Cunene, na fronteira. Aí, de facto, é necessário fazer um reforço e isso tem estado certamente a ser feito pelos programas de prevenção e de tratamento.
Mas há outros aspetos ligados ao drama, nomeadamente a cobertura medicamentosa, dos antirretrovirais. No entanto, deve-se dizer, com satisfação, que os níveis de cobertura estão a aumentar entre nós.
DW África: Que recomendações daria às autoridades políticas no que diz respeito ao combate à SIDA?
MB: Uma sugestão: que o poder político faça um pouco mais para ajudar a resolver ou, pelo menos, reduzir o drama que é o VIH/SIDA.
DW África: O Governo de Angola anunciou que iria dar mais importância aos problemas sociais e de saúde pública. Isso já se nota de alguma forma?
MB: Como sabe, nós tivemos eleições muito recentemente, a 31 de agosto e o Orçamento Geral do Estado foi aprovado há pouco tempo. Ou seja, ainda estamos nos “timings” esperados para as medidas serem aprovadas e implementadas.
Não é possível responder-lhe, neste momento. O que é certo é que todos nós acolhemos esse anúncio com muita satisfação. Agora, vamos esperar.
Autor: António Cascais
Edição: Guilherme Correia da Silva / António Rocha