Guiné-Bissau: Professores dispostos a avançar com greve
11 de fevereiro de 2019Os professores da Guiné-Bissau voltam esta segunda-feira (11.02) à mesa de negociações com o Governo e já redigiram um pré-aviso de greve.
Os três sindicatos que representam a classe profissional dizem que, até agora, não receberam os salários em atraso, que lhes foram prometidos pelo Governo em janeiro. Por isso, preparam-se para entregar um pré-aviso de greve de 16 dias, a começar na próxima quinta-feira, 14 de fevereiro, até 7 de março, três dias antes das eleições legislativas.
"Reafirmo que já temos o pré-aviso de greve, que será entregue ao Governo às 8h00 desta segunda-feira", afirmou Duarte Bungonha Sanhá, porta-voz dos sindicatos.
Sanhá avisa que, assim que o pré-aviso de greve for entregue, cairá por terra o memorando assinado com o Governo em janeiro para o pagamento dos salários aos professores contratados e novos ingressos no sistema.
Isso significaria que "teremos que renegociar tudo de novo. Vamos recolocar os 19 pontos das reivindicações anteriores, porque nenhum dos pontos foi cumprido pelo Governo", disse o sindicalista.
Governo garante que pagou
Os professores não acreditam que haverá pagamento de salários nesta segunda-feira: "Foi assim na sexta. Diziam que há salários, mas, quando os professores foram aos bancos, não tinham nada e voltaram revoltados. Ainda neste domingo alguns foram ao multibanco, mas não entrou nada na conta."
À DW África, o primeiro-ministro Aristides Gomes assegura que os pagamentos foram processados na sexta-feira (08.02), esclarecendo que o Governo não deve aos professores efetivos, mas aos novos recrutados.
"Se alguns professores não receberam os seus salários atrasados é devido ao fim de semana", afirma Aristides Gomes. "Nós formos cumprindo os acordos assinados com os sindicatos."
Alunos distanciam-se de desestabilizadores
Na quinta e sexta-feira passadas, centenas de alunos guineenses foram para as ruas de Bissau em protesto, pedindo aos professores para cancelarem a greve e regressarem às aulas.
Mas, no protesto de sexta, houve atos de vandalismo.
Em entrevista à DW, o primeiro-ministro guineense reconheceu que houve dificuldades na reposição da ordem pública na sexta-feira, devido a divergências que têm impossibilitado a nomeação de um novo ministro do Interior. O Governo diz, no entanto, que já entregou ao Presidente da República a proposta de um nome para a nomeação e aguarda pela sua resposta.
Entretanto, os estudantes sublinham que não agendaram nenhuma manifestação para esta segunda-feira. Segundo os alunos, há uma "mão invisível" que se quer aproveitar da situação para criar uma guerra civil no país.
Quase todos os partidos políticos afirmaram publicamente que houve infiltrados na manifestação, para impedir a realização das eleições legislativas na data marcada, 10 de março. Mas não apontaram nomes.
O Governo garante, porém, que, ao longo dos próximos dias, vai investigar o que aconteceu nos protestos da semana passada.