Bissau: FMI quer que Governo mobilize mais receitas públicas
26 de setembro de 2022O chefe da missão técnica do FMI, Xiao Yuan, traçou um quadro favorável na perspetiva de estabelecer um acordo financeiro com a Guiné-Bissau, mas avisou que, é necessário mobilizar mais receitas públicas com vista a debelar os desafios existentes no país", refere uma nota do Ministério das Finanças, divulgada esta segunda-feira (26.09) no final de uma missão técnica da organização financeira a Bissau.
A missão técnica chegou ao país no dia 14 e durante a sua permanência em Bissau esteve a analisar as folhas salariais da função pública, bem como o recenseamento dos funcionários públicos e a conhecer o número total de professores existentes no país.
A missão manteve reuniões com técnicos de várias instituições nacionais.
Questão salarial é um desafio
O ministro das Finanças, Ilídio Vieira Té, afirmou que a gestão da massa salarial "continua a ser um dos desafios" para o país, devido ao "incumprimento da lei na Administração Pública", havendo pessoas que acabam por ser contratadas ilegalmente.
"A inspeção da função pública continua inoperacional, lamento" disse o ministro das Finanças, citado no documento, com o FMI a aconselhar a sua ativação.
"O ministro Ilídio Vieira Té prometeu prosseguir com as medidas corretivas e voltou a defender a necessidade de verificar minuciosamente o recenseamento dos funcionários públicos realizados recentemente na Administração Pública", refere o comunicado.
Retomada de ajuda
O FMI anunciou em junho que iria retomar brevemente a assistência financeira à Guiné-Bissau no âmbito da Facilidade de Crédito Alargado e destacou no âmbito das consultas do artigo IV que a gestão orçamental sustentável é uma "prioridade" e que a consolidação orçamental deve continuar em 2022 para "conter o elevado risco" de aumento da dívida pública.
Em abril, o FMI estimou que o crescimento económico na Guiné-Bissau tenha acelerado para 5%, mas as perspetivas para 2022 são "mais incertas" devido ao aumento de preços provocados pela guerra na Ucrânia.
As perspetivas, segundo o FMI, tornaram-se mais incertas "dado o impacto potencial do aumento dos preços do petróleo e dos alimentos resultante da guerra na Ucrânia, prevendo-se que o crescimento seja de 3,75% em 2022, com uma inflação superior a 5%, que afetará negativamente os mais vulneráveis".
Mais de 56% do Orçamento do Estado para este ano da Guiné-Bissau é destinado a despesas correntes com salários, bens e serviços, juros e transferências.
A Guiné-Bissau mobiliza mais de 80% das suas receitas fiscais para pagamento de salários aos funcionários públicos. Os salários para os setores da educação e saúde representam mais de 50% das receitas fiscais.