Angola negoceia com Deutsche Bank empréstimo
30 de abril de 2019O Presidente angolano, João Lourenço, afirmou esta terça-feira (30.05.), em Luanda, que o seu país está a negociar com o Deutsche Bank, da Alemanha, um empréstimo de mil milhões de dólares (896,6 milhões de euros), para dinamizar projetos privados ligados ao setor produtivo.
O anúncio foi feito na abertura da Conferência das Câmaras de Comércio e Indústria angolanas, que se realiza hoje na capital angolana.
Sem avançar as condições de pagamento, João Lourenço disse que será dada prioridade aos projetos privados nos ramos da indústria transformadora, agropecuária e pescas.
Apoio à classe empresarial
Segundo o Presidente angolano, a linha de financiamento visa garantir que as empresas obtenham sucesso, bem como maior oferta de bens, serviços e emprego para a população, além de apoiar a classe empresarial, a banca comercial e os cidadãos.
"Apelamos ao maior rigor na utilização dos fundos. Cuidaremos que sejam aprovados mais projetos, bem estruturados e alinhados com o Plano de Desenvolvimento Nacional (2017-2022). Exigiremos toda a seriedade na análise das propostas e todo o cuidado no desembolso e na fiscalização na sua implementação", disse João Lourenço.
O chefe de Estado angolano lembrou que o país está a fazer "um esforço grande" na construção e recuperação de infraestruturas, como estradas, aproveitamentos hidroelétricos, pontes, portos, aeroportos, estabelecimentos de ensino e hospitalares, "quase sempre com recurso a linhas de crédito negociadas com países com quem Angola mantém salutares relações de amizade e de cooperação".
"Na generalidade, podemos considerar que o benefício é reciprocamente vantajoso, porquanto, do lado de Angola, ficamos com essas infraestruturas ao serviço da economia e dos cidadãos, contribuindo para o desenvolvimento económico e social do país. Por outro lado, aumenta a nossa dívida externa perante os credores, sendo prudente e aconselhável mantê-la em níveis sustentáveis", referiu.
Condições financeiras deterioradas
João Lourenço realçou que a banca nacional, "por razões de diversa ordem, que importam ultrapassar o quanto antes, não tem estado à altura de satisfazer" as necessidades do setor empresarial privado angolano na disponibilização dos créditos comerciais para a execução dos seus projetos.
O Presidente angolano recordou que o país, face à conjuntura internacional, teve as suas condições financeiras deterioradas "de modo significativo" a partir de 2014.
Esse "facto gerou uma dificuldade de liquidação de operações em moeda estrangeira e dos compromissos decorrentes da execução do Orçamento Geral do Estado, o que fez aumentar as dívidas do Estado para com empresas nacionais e estrangeiras", lembrou o Presidente angolano.
Para fazer face à situação, o executivo está a implementar o processo de certificação e validação de dívidas, estando já os atrasados de empresas nacionais e estrangeiras a serem regularizados de forma gradual, enquanto outras negoceiam os moldes de pagamento da dívida, "com a perspetiva de que seja saldada tão cedo o quanto possível".