FRELIMO "arruma a casa" em Nampula antes das eleições
29 de março de 2019A Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) já está a purificar as suas fileiras na província mais populosa do país. Nas autárquicas de 2018, o partido sofreu derrotas nas cinco das sete autarquias de Nampula, a favor da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), o principal partido da oposição moçambicana.
No passado fim-de-semana, a FRELIMO afastou quatro secretários distritais e respetivos elencos, nomeadamente em Mogovolas, Larde, Nacala-Porto e Nampula-cidade - nestes dois últimos distritos, o partido perdeu nas eleições de 2018.
"Mesmo com bons treinadores, mas quando os resultados não aparecem, há necessidade de pormos a figura [secretário distrital] sentada para chamarmos outros jovens e vermos se dão outra dinâmica, para ver se os resultados aparecem. E foi isso o que aconteceu", justifica o secretário provincial de Mobilização e Assuntos Sociais da FRELIMO em Nampula, Saide Momade.
Como mandam as normas internas, para desempenhar funções de chefia na FRELIMO, os membros são eleitos e não indicados, como aconteceu agora. Saíde Momade diz que o partido vai reunir-se em breve nos distritos onde houve mexidas para a realização de eleições internas e, nessa altura, será escolhido o novo elenco.
Reinventar partido e resgatar cidade
Na cidade de Nampula, a FRELIMO era liderada por Leonel Namuquita desde 2014. Namuquita nunca conseguiu devolver o partido no poder, depois de ter perdido em 2013 contra Mahamudo Amurane, do Movimento Democrático de Moçambique (MDM).
O seu substituto, Orlando Impissa, diz que pretende reinventar o partido e resgatar a cidade, atualmente governada pela RENAMO. "O desafio é continuar a trabalhar e a reinventar a FRELIMO. Tivemos a situação que tivemos [derrotas consecutivas], mas a FRELIMO tem uma direção que compreende a conjuntura dos fenómenos eleitorais. Estamos de cabeça erguida; vamos trabalhar no sentido de resgatar o município, no futuro, mas neste momento a nossa prioridade está nas eleições deste ano", disse.
O académico Aunício da Silva, diretor editorial do Jornal Ikweli, considera que a FRELIMO terá dificuldades em reinventar-se enquanto continuarem os problemas que mancham o partido. "A imagem do partido FRELIMO está bastante desgastada e não se reinventa essa imagem com as pessoas que estão indicando e que a praça conhece", argumenta.
Se querem preparar-se para as eleições deste ano, a FRELIMO deve "começar a purificar as fileiras do próprio partido", defende o académico "Nós conhecemos as pessoas que estão sendo indicadas para ocupar essas posições e têm indícios de má conduta", diz Aunício da Silva.