Vítimas de naufrágio em Inhambane relatam falta de segurança
28 de setembro de 2016Já chega a seis o número de mortos no naufrágio ocorrido na noite desta terça-feira (27.09) ao longo da baia de Inhambane, no sul de Moçambique. Segundo informação veiculada pela agência de notícias Lusa, pelo menos 20 pessoas ainda estão desaparecidas.
De acordo com as autoridades marítimas, o naufrágio aconteceu devido ao mau tempo que se fazia no princípio da noite de ontem naquela região. A pequena embarcação, com capacidade para 35 passageiros, tinha a bordo mais de 40 pessoas. O acidente ocorreu quando o barco preparava-se para acostar à ponte do cais de Maxixe, proveniente da capital da província.
Os passageiros que conseguiram escapar ilesos do naufrágio relataram à DW África o que se passou na embarcação. Segundo Paula João, uma das sobreviventes, o desespero foi grande.
"Quando a situação começou a piorar, cada um tentou puxar à sua maneira aquelas coisas de salva-vidas. Tentei puxar e não consegui amarrar. Depois do barco ter virado, aquilo saiu e comecei a beber muita água. Pedi ajuda e cada qual ai se arranjava à sua maneira: uns puxavam para baixo e outros a quererem subir. Já não me lembro de nada, só admirei quando estava aqui no hospital”, relembra.
Falta maior segurança aos passageiros
Para a turista portuguesa Joana Travessas, que também estava na embarcação, os coletes salva-vidas e boias da embarcação estavam de difícil acesso, o que prejudicou muita gente na hora do naufrágio.
"Tinha muita gente e os coletes salva-vidas estavam presos na cobertura do barco. Repararmos que estavam atados, é difícil numa situação que o barco vire e conseguir tirar os coletes a tempo para conseguirem as pessoas ai no barco não sofrerem. Talvez fosse bem uma ponte”, revela a turista.
Outra vítima do acidente foi o utente Paulo Dias João, que costuma fazer o trajeto entre Inhambane e Maxixe com frequência. Ele alerta para falta de segurança e iluminação nas pequenas embarcações e pede maior fiscalização por parte das autoridades marítimas.
"Constantemente tenho atravessado aqui. De fato há dias de mau tempo, em que no período de tarde os barcos não têm iluminação, e eu penso que devia haver uma maior fiscalização nesse sentido, não se pode. Penso que não há controlo pelas entidades competentes em relação a isto”, denuncia.
Embarcações navegam com equipamentos ilegais
O marinheiro António João afirma que os passageiros também precisam respeitar as normas de segurança da navegação, mas admite que muitas embarcações não possuem boias e coletes salva-vidas adequados. Mesmo reprovadas pelas autoridades marítimas, estas embarcações, afirma o marinheiro, continuam operando na região.
"Problema é dos passageiros, porque nós explicamos a eles que se chegarem a ponte (para o desembarque), devem esperar o marinheiro amarrar cabos e dizer que é seguro sair. Isso não acontece. Nós sabemos que aqui boias ainda não estão completas e ainda estamos a usar boias caseiras. A Administração Marítima já reprovou, mas ainda estamos a comprar”, admite António João.
Ainda esta quarta-feira (28.09) uma embarcação encalhou na baia de Inhambane com mais de 90 pessoas a bordo devido a uma avaria no motor. Os passageiros e tiveram que ser socorridos, mas não houve vítimas fatais