Estado da Nação: Ramaphosa destaca combate à corrupção
8 de fevereiro de 2019"Há um ano, iniciámos um caminho de crescimento e renovação", afirmou o chefe de Estado sul-africano, Cyril Ramaphosa, durante o seu discurso sobre o Estado da Nação, esta quinta-feira (07.02).
"Emergindo de um período de incerteza e de uma perda de segurança e confiança, resolvemos romper com tudo o que nos divide para abraçar tudo o que nos une. Resolvemos curar o nosso país dos efeitos corrosivos da corrupção e restaurar a integridade de nossas instituições", disse Ramaphosa no Parlamento.
Ramaphosa está na Presidência sul-africana desde fevereiro do ano passado. O Congresso Nacional Africano (ANC, no poder) forçou o anterior chefe de Estado, Jacob Zuma, a abandonar o poder, na sequência de vários escândalos de corrupção. A administração de Zuma é acusada de desviar milhões de dólares e favorecer empresas em troca de subornos.
Corrupção é má para economia
Com críticas duras ao historial de Jacob Zuma, a quem serviu como vice, Cyril Ramaphosa disse aos parlamentares que a "má administração e a corrupção prejudicaram gravemente" empresas estatais, como a elétrica Eskom.
"A Eskom está em crise e os riscos que isso representa para a África do Sul são grandes", advertiu Ramaphosa.
"Isso pode prejudicar gravemente as nossas ambições de desenvolvimento económico e social. Precisamos de tomar decisões ousadas e decisivas quando se trata da Eskom. As consequências podem ser dolorosas, mas será ainda mais devastador se adiarmos essas ações", referiu o Presidente sul-africano.
Ramaphosa, que assumiu o poder com um crescimento económico de menos de 1% no ano passado e um desemprego recorde de mais de 27%, confia, no entanto, num "mudar de página" no país.
Durante o discurso do Estado da Nação, o Presidente disse ter sido informado que a petrolífera francesa Total teria encontrado reservas de gás na costa sul do país. Para Ramaphosa, a descoberta poderá "dividir as águas" na economia.
Eleições gerais a 8 de maio
Cyril Ramaphosa anunciou ainda a realização de eleições legislativas e locais a 8 de maio.
O pleito será um teste ao partido no poder, o ANC, que viu a sua imagem manchada pelos escândalos de corrupção envolvendo o ex-Presidente Zuma.
O líder sul-africano está sob pressão para agir contra as autoridades implicadas, mas, durante a eleição, terá também de manter a unidade no partido, além de enfrentar a oposição, que está mais forte.
Comentando o discurso de Ramaphosa esta quinta-feira, Mmusi Maimane, líder da Aliança Democrática, disse que se tratou apenas de uma "conversa agradável", acrescentando que o país precisa "de um plano melhor, de um plano imediato".
Apesar de se prever que o ANC voltará a conquistar uma maioria clara nas eleições parlamentares, o partido deverá ter de provar que merece a confiança dos eleitores. Alguns críticos dizem que Ramaphosa tem sido muito lento a agir, enquanto outros afirmam que ele está apenas a ganhar tempo até garantir um novo mandato.