África do Sul: ANC não exclui candidatura de Jacob Zuma
6 de janeiro de 2019O partido no poder na África do Sul, o Congresso Nacional Africano (ANC), deu a entender este domingo que nomeou como candidato às eleições legislativas de maio o ex-chefe de Estado Jacob Zuma - que abandonou o poder em 2018 na sequência de vários escândalos - apesar de ter assumido o compromisso de não apresentar candidatos implicados em casos de corrupção.
O ANC decidiu que os seus candidatos às legislativas "não devem ter dado provas de indisciplina ou estar envolvidos em corrupção", afirmou Dakota Legoete, porta-voz do partido, numa conferência de imprensa em Durban.
Mas questionado sobre a presença de Jacob Zuma na lista, o ANC deu a entender que o ex-Presidente figura entre os escolhidos.
"Estamos ainda na fase em que casa candidato deve aceitar ou rejeitar” a sua nomeação, explicou Legoete. "Não vamos minar este processo (...). Esperamos que ele, o camarada Zuma (e outros candidatos), nos deem a conhecer se aceitam ou não" a sua nomeação, acrescentou.
Eleições difíceis para o ANC
Jacob Zuma, Presidente entre 2009 e 2018, cedeu à pressão do seu partido e abandonou o poder em fevereiro do ano passado devido ao seu envolvimento em escândalos de corrupção. O antigo chefe de Estado continua, no entanto, a ser uma figura muito influente no seio do ANC, onde as facções pró e anti-Zuma continuam a divergir.
A lista de candidatos do ANC às legislativas, que ainda não foi tornada pública, "deve reforçar a integridade" do partido de Nelson Mandela, assegurou ainda Dakota Legoete.
A lista, metade composta por mulheres, tem de ser ainda aprovada pela direção do ANC – uma decisão que deverá ser tomada no final de janeiro, segundo o porta-voz.
O ANC, o poder desde o fim oficial do regime fascista do apartheid, em 1994, chegará às eleições legislativas de maio de 2019 numa posição difícil. A imagem do partido tem vindo a sofrer com os maus resultados económicos e os casos de corrupção que marcaram os últimos anos da Presidência de Jacob Zuma. O partido registou uma queda histórica nas eleições locais de 2016, em que perdeu cidades emblemáticas como Pretória e Joanesburgo.
O atual chefe de Estado e líder do ANC, Cyril Ramaphosa, fez da luta contra a corrupção e o relançamento da economia as suas prioridades, mais a maior potência industrial do continente caiu na recessão nos últimos anos.
O principal partido da oposição, a Aliança Democrática, e a formação da esquerda radical Combatentes da Liberdade Económica, esperam beneficiar da taxa de desemprego recorde de quase 29 por cento e da persistência das desigualdades raciais.