Escaramuças após fecho das urnas na Serra Leoa
8 de março de 2018A polícia de intervenção da Serra Leoa foi destacada para as ruas da capital Freetown, na quarta-feira (07.03), devido a escaramuças, alegadamente entre apoiantes dos dois principais partidos a concorrer às eleições gerais, o Congresso de Todos os Povos (APC, no poder) e o Partido Popular da Serra Leoa (SLPP).
Uma pessoa terá sido esfaqueada e transportada para o hospital, de acordo com a agência de notícias Associated Press.
O dia de votação decorreu, no entanto, de forma pacífica, sem registo de grandes incidentes. Em geral, as mesas de voto abriram cedo, às sete da manhã - houve apenas atrasos num número reduzido de mesas. Milhões de eleitores enfrentaram o sol quente e, em algumas províncias, as longas filas de espera, para escolher o novo Presidente do país entre um total de 16 candidatos. Este foi o quarto ato eleitoral na Serra Leoa depois do fim da guerra civil, em 2002.
Longas filas, alguns problemas
Em Gbense, no distrito de Kono, no leste do país, a assembleia de voto abriu à hora marcada, e não tardou até que se formassem filas intermináveis. Alguns eleitores queixaram-se das longas horas de espera. Na base destes atrasos estiveram problemas com o registo eleitoral.
"Acabámos por nos atrasar porque os nomes dos eleitores deviam estar organizados por ordem alfabética. No entanto, havia nomes que não constavam do registo e foi difícil identificá-los", contou à DW o responsável pelo ato eleitoral em Gbense, Kai Kondeh.
Neste que é um dos distritos ricos em diamantes da Serra Leoa votam cerca de 300 mil pessoas. A cerca de 400 quilómetros da capital Freetown, Kono é um dos distritos menos desenvolvidos do país e muitos dos eleitores aqui residentes pedem mudanças.
"O que tenho visto é lamentável. Por isso, quero alguém que possa levar este país para a frente, alguém que conheça os constrangimentos e as preocupações da população", afirmou um eleitor, Uniser Sesay.
Além dos dois principais partidos
Natural de Kono, o ex-vice-Presidente Samuel Sam Sumana, candidato da Coligação para a Mudança, goza aqui de uma confortável maioria.
Em 2012, quando Samuel Sam Sumana concorreu às eleições ao lado do Presidente Ernest Bai Koroma, o APC ganhou em Kono com grande vantagem. Mas depois de Komona ter demitido Sumana em 2015, o apoio dos habitantes de Kono está agora do lado da Coligação para a Mudança, liderado pelo seu conterrâneo.
Uniser Sesay, por exemplo, não tem dúvidas de que Samuel Sam Sumana é a escolha ideal para a Serra Leoa: "Ele é um filho da terra. Conhece os problemas das pessoas e o distrito de Kono. Ele foi vice-Presidente do país. Por isso, conhece as nossas restrições."
No entanto, Sumana não é apontado como um dos vencedores. Os dois candidatos que devem reunir mais votos são Samura Kamara, do partido no poder, e Julius Maada Bio, candidato da oposição SLPP e que foi derrotado nas eleições de 2012.
Segunda volta das presidenciais?
A hipótese da realização de uma segunda volta ainda em março é apontada como a mais provável pelos especialistas, que entendem ser difícil que qualquer um dos candidatos reúna 55% dos votos.
No final desta quarta-feira, a Comissão Nacional de Eleições fez um balanço positivo da votação, afirmando que não foram registadas situações alarmantes.
Em declarações aos jornalistas, após votar, o Presidente Koroma também se mostrou satisfeito pela realização bem sucedida de mais um "processo democrático".
"No final do dia, seja qual for o vencedor, tornar-se-á Presidente. Iremos felicitá-lo e apoiar os novos funcionários do Estado", afirmou.
Resultados parciais das eleições gerais deverão ser divulgados dentro de 48 horas. Só mais tarde serão conhecidos os resultados finais - o mais tardar, daqui a duas semanas.