Serra Leoa vai a votos
7 de março de 2018Às presidenciais e legislativas desta quarta-feira (07.03) concorrem 16 candidatos e 16 partidos. Estas são as eleições mais concorridas de sempre na Serra Leoa. Desde que o país se tornou independente da Grã-Bretanha em 1961, a política serra-leonesa tem sido dominada por dois partidos: o Congresso de Todos os Povos (APC, no poder) e o Partido do Povo da Serra Leoa (SLPP).
O APC escolheu o atual ministro dos Negócios Estrangeiros Samura Kamara como candidato para dar continuidade ao trabalho de Ernest Bai Koroma, que está na Presidência desde 2007. O candidato do SLPP é o antigo general Julius Maada Bio.
Mas a entrada em campo de novas figuras poderá mudar o xadrez político. O ex-vice-Presidente Samuel Sam-Sumana, demitido em 2015 pelo Presidente Koroma, concorre pela Coligação para a Mudança e tem sido mencionado com um dos favoritos nesta votação. Outro nome apontado é o de Kandeh Kolleh Yumkella, ex-chefe da Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial, que concorre às eleições gerais como candidato da Grande Coligação Nacional (NGC).
Acusações de má gestão
Yumkella juntou-se à corrida presidencial há dois anos e tem sido uma voz ativa no país, denunciando as dificuldades da população e os "abusos" das elites políticas. O candidato promete combater o "regime cleptocrático" da Serra Leoa.
"Essas pessoas gastam dinheiro que não têm. Destruíram a economia", afirma em entrevista à DW. "A inflação está nos 17%, há 70% de desemprego jovem. Mais de 70% da população vive com menos de dois dólares por dia. Temos a maior taxa de mortalidade materna do mundo. O que há de positivo aqui? Eles são muito corruptos."
Kandeh Kolleh Yumkella acusa o atual Governo de gerir mal o Fundo Ébola, criado por doadores privados com o objetivo de combater o surto que abalou o país em 2014. "Só no meu país é que se roubam 14 milhões de dólares durante um surto de Ébola quando 4 mil pessoas estavam a morrer", refere.
Samura Kamara nega as acusações do opositor. Em entrevista à DW, o candidato do partido no poder, o APC, diz que Yumkella não sabe como funcionam os governos.
"A inflação é inferior a 10%. O problema da oposição é que eles não entendem de gestão económica. Em 2013, a nossa economia aumentou 20,5%. No ano seguinte, veio o ébola e o nosso PIB caiu 21%. Agora, a taxa de crescimento do nosso PIB está nos 6%. É uma conquista tremenda", afirma.
Cidadãos pedem vida melhor
Para os cidadãos, a escolha do candidato a votar nunca foi tão difícil. A eleitora Edna Johson pede aos políticos que melhorem a qualidade de vida na Serra Leoa. "Rezamos para que Deus nos dê um bom líder que ajude o país", diz.
Já Jeremiah Bangura, apoiante da Grande Coligação Nacional, chama a atenção para o futuro dos jovens.
"A falta de oportunidades de trabalho é uma das coisas criticadas por muitas pessoas. Precisamos de alguém que invista na gestão de recursos humanos, porque eles têm de preparar o país para o futuro."