Eleições nos EUA: Luta renhida entre Harris e Trump
5 de novembro de 2024O mundo está hoje (05.11) de olhos postos nos Estados Unidos da América, onde esta terça-feira milhões de eleitores são chamados às urnas para escolher, entre a vice-Presidente e candidata democrata Kamala Harris e o antigo Presidente norte-americano Donald Trump, quem será o próximo a ocupar a Casa Branca.
As sondagens deixam antever uma das corridas mais renhidas de sempre à Presidência norte-americana. Por isso, é pouco provável que haja resultados finais ainda esta noite.
Sem um desfecho claro à vista numa disputa entre duas visões muito diferentes para o país, os norte-americanos começaram a votar esta manhã, com as urnas a abrir gradualmente nos 50 estados, consoante a lei eleitoral de cada um e os seis fusos horários nacionais.
75 dos 161 milhões de eleitores preferiram o voto antecipado e já escolheram entre os dois candidatos. Voto antecipado ou não, todos terão de aguardar pelo desfecho - e muito, se as diferenças marginais apontadas pelas sondagens se vierem a confirmar.
O pequeno distrito de Dixville Notch, em New Hampshire, que historicamente é o primeiro a votar no país no dia das eleições, espelha a divisão nacional. Os seis eleitores residentes votaram à meia-noite e imediatamente depois foi possível apurar o resultado: três votos para Trump e outros três para Harris.
A importância da Pensilvânia
Dadas as estreitas margens indicadas pelas sondagens, tanto o partido republicano como o democrata já contrataram dezenas de escritórios de advogados para possíveis disputas eleitorais - sobretudo em estados-chave, como a Pensilvânia.
Este estado do leste do país tem 19 votos eleitorais - mais do que qualquer outro nesta eleição. Foi palco do único debate ao vivo entre Harris e Trump, em setembro, e foi aqui que Trump foi alvo de uma tentativa de assassinato, em julho. Em 2020, Joe Biden venceu na Pensilvânia.
Na noite passada, ambas as campanhas organizaram comícios neste estado crucial. Em Pittsburgh, Donald Trump quis deixar uma "mensagem simples" aos norte-americanos: "Não temos de viver assim. Não temos. Não temos. E não vamos viver. Não o faremos. Não temos de nos contentar com a fraqueza, a incompetência, o declínio e a decadência. Com o vosso voto amanhã, podemos resolver todos os problemas que o nosso país enfrenta e conduzir a América. E, de facto, o mundo inteiro a novos patamares de glória".
Já em Filadélfia, Kamala Harris fez "um último pedido": "Estão prontos para fazer ouvir as vossas vozes? Acreditamos na liberdade? Acreditamos na oportunidade? Acreditamos na promessa da América? E estamos prontos para lutar por ela? E quando lutamos, ganhamos. Deus vos abençoe e Deus abençoe os Estados Unidos da América".
Estados-chave por decidir
As sondagens dos últimos dias revelam que os candidatos estão praticamente empatados em cada um dos sete estados que provavelmente determinarão o vencedor: Arizona, Geórgia, Michigan, Nevada, Carolina do Norte, Pensilvânia e Wisconsin.
A corrida renhida reflete uma nação profundamente polarizada, cujas divisões se acentuaram ainda mais durante a campanha.
Trump tem usado uma retórica cada vez mais sombria e apocalíptica. Harris tem exortado os norte-americanos à união, ao mesmo tempo que avisa que um segundo mandato de Trump ameaçaria os próprios fundamentos da democracia nos EUA.
Disputas à vista numa eleição histórica
A campanha de Donald Trump já deu a entender que o ex-Presidente poderá declarar vitória na noite das eleições, mesmo com milhões de votos por contar, como fez há quatro anos.
O antigo Presidente tem vindo a repetir que qualquer derrota só poderá resultar de fraude generalizada, fazendo eco das suas falsas alegações de 2020.
Com as sondagens a indicarem diferenças marginais (dentro da margem de erro) entre os dois principais candidatos, ninguém espera conhecer um desfecho na noite de hoje, podendo acontecer que o processo se arraste durante dias ou até semanas.
Independentemente de quem venha a ocupar a Casa Branca, vai fazer-se história.
Harris, de 60 anos, a primeira mulher vice-Presidente, tornar-se-ia a primeira mulher, negra e de ascendência sul-asiática, a chegar à Presidência. Trump, de 78 anos, o único Presidente a ser alvo de "impeachment" duas vezes e o primeiro ex-Presidente a ser condenado criminalmente, tornar-se-ia também o primeiro Presidente a ganhar mandatos não consecutivos em mais de um século.