E agora, Alemanha?
28 de junho de 2018Já lá vai o tempo em que se dizia que o "futebol são 11 contra 11 e no fim ganha a Alemanha.” Neste mundial, aplica-se mais outro ditado da sabedoria popular: "o que nasce torto, tarde ou nunca se endireita”. Assim foi com a Alemanha. Começou mal com a derrota contra o México, terminou pior, ao perder contra uma Coreia do Sul já de malas feitas para casa.
No rescaldo da derrota e consequente abandono do Mundial, multiplicam-se as análises do que terá falhado. Um dos principais visados é Joachim Löw, o treinador da Mannschaft, que vê as suas escolhas de plantel a serem escrutinadas e questionadas.
Joachim Löw sabe que não pode fugir à responsabilidade e assume que deve repensar a estratégia.
"Claro que é minha responsabilidade. Claro que estou altamente frustrado e desapontado, agora logo a seguir ao jogo, mas tenho a equipa sob a minha responsabilidade”, afirmou Löw.
A sua continuidade na equipa, é, claro, umas das questões do momento. Joachim Löw está aos comandos da seleção alemã há 12 anos e antes do mundial renovou por mais quatro, ou seja, até 2022. Estará em causa o seu lugar?
Para Oliver Bierhoff, antigo internacional alemão e atualmente diretor desportivo da Mannschaft, o selecionador continuará.
"O Joachim assinou recentemente o contrato, suponho que já tenha ponderado muito sobre isso. Mas acho que, neste momento, não é a altura de fazer uma análise individual. Temos de pensar nisto claro, porque é que não funcionou, mas acredito que o Joachim continue e que vamos voltar à luta”, disse Bierhoff.
Reações
Algumas das antigas glórias da Alemanha expressaram a sua desilusão através do Twitter. Lukas Podolski mostrou-se incrédulo. Numa das publicações, pergunta "isto é verdade?”.
Já Michael Ballack, tem vários tweets críticos. Num deles comenta "pode ir-se cedo para casa por ter uma equipa má, mas não com uma equipa destas! É preciso começar uma análise honesta”. O ex-goleador alemão pergunta ainda pela "liderança, personalidade e mentalidade” da sua seleção.
Revista de imprensa na Alemanha
O tablóide mais vendido da Alemanha, "Bild” repetiu a mesma capa do 7 a 1 ao Brasil em 2014 para ilustrar o desastre de quarta-feira, usando a expressão "ohne worte”, ou seja, "sem palavras”. Quatro anos depois, por motivos diferentes, claro está.
O "Süddeutsche Zeitung" chamou-lhe um "fiasco histórico". O jornal bávaro, de circulação nacional, trata a derrota como merecida e consequente. Diz que a equipa testou os limites da autoconfiança e se sobrestimou.
O "Tagesspiegel" diz: "Fora". Para este jornal baseado em Berlim, é o fim de uma era. E Löw é o maior responsável pelo fracasso na Rússia.
O "Kölner Stadt-Anzeiger" descreve o sucedido como: "Vergonha histórica". Este jornal de Colónia fala no fim da geração de ouro da Alemanha.
"Schadenfreude"
A palavra alemã "Schadenfreude" designa a alegria que se sente pelo azar de terceiros. Também no Twitter, foram milhares os utilizadores que fizeram piadas sobre o infortúnio dos alemães.
Em baixo, um utilizador partilha um vídeo dos melhores momentos da seleção alemã neste mundial . Sete segundos que mostram... uma foto da equipa e nada mais.
Já nesta imagem vêm-se os craques que levam a equipa às costas: Cristiano Ronaldo leva Portugal, Henry Kane leva a Inglaterra, Messi leva a Argentina. E a Alemanha? É um avião leva a Alemanha de volta para casa.
Na imagem em baixo lê-se "Se eu vou para a lama, arrasto toda a gente comigo”. É assim que a utilizadora descreve o que a Coreia do Sul fez, uma vez que mesmo ganhando não tinha hipóteses de se qualificar.