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África do Sul: Como travar queima de viaturas moçambicanas?

24 de março de 2023

Federação Moçambicana dos Transportadores Rodovários queixa-se da demora das autoridades em resolver ataques a viaturas na África do Sul. Uma pessoa foi detida e abertos processos, mas solução definitiva tarda em chegar.

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Mosambik | Grenzort Ressano Garcia
Foto: Silva Romeu/DW

Passam hoje dois meses depois que houve o primeiro ataque a uma viatura com matrícula moçambicana na África do Sul. De lá a esta parte, 13 viaturas foram incendiadas na rota Durban a Maputo, e os transportadores de passageiros nesta rota decidiram interromper a circulação na via.

Uma pessoa está detida e outras cinco foram processadas em conexão com o ataque a uma viatura de matrícula sul-africana em Maputo. E há outros processos contra desconhecidos na África do Sul.

Em entrevista à DW África, Castigo Nhamtae, presidente da Federação Moçambicana dos Transportadores Rodovários (FEMATRO), queixa-se da demora das autoridades dos dois países para resolver este problema, apesar da ministra moçambicana do Interior, Arsénia Massingue, ter informado que está em análise a possibilidade de introdução de uma escolta na rota.

Presidente da FEMATRO, Castigo Nhamate, em entrevista à DW

DW África: Como é que a FEMATRO reage a esta proposta da ministra do Interior?

Castigo Nhamate (CN): As soluções apresentadas pelo nosso governo são bem vindas, porque o que nós queremos é segurança, viajar e levar os nossos transportados num clima de segurança. É verdade que nós gostamos de ver uma solução concreta, porque estamos a falar de um total de 13 carros de moçambicanos queimados no território sul-africano, quatro de transporte de passageiros e nove de particulares, e um queimado em território moçambicano, portanto um carro com matrícula sul-africana.

DW África: Nesta quarta- feira, a ministra moçambicana disse no Parlamento que há possibilidade de introduzir uma escolta para os transportadores na rota Maputo-Durban. Como é que reage esta medida?

CN: É uma luz ao fundo do túnel para nós, que pode trazer alguma tranquilidade, porque realmente foi uma das nossas propostas. Nós apresentámos na mesa de negociações duas propostas: uma era que os moçambicanos transportassem até à fronteira da Ponta do Ouro e os transportadores sul-africanos transportassem também até à fronteira na Ponta do Ouro e os passageiros atravessavam. Era essa a proposta. Os nossos parceiros sul-africanos não concordaram e propuseram a escolta. Entretanto, nós também concordamos com as escoltas, desde que essa escolta traga os resultados que nós desejamos, que é tranquilidade, segurança dos nossos passageiros, nossos meios e nossas tripulações.

Fronteira de Ressano Garcia é o ponto de passagem com maior fluxo entre Moçambique e África do Sul
Fronteira de Ressano Garcia é o ponto de passagem com maior fluxo entre Moçambique e África do SulFoto: Silva Romeu/DW

DW África: E neste momento que ainda não se introduziu a escolta e ainda não há mesmo medidas "palpáveis" para pôr fim a essa crise, continua a interrupção de circulação na rota?

CN: Continua a interrupção. Temos metido alguns meios que usam vias alternativas usando a fronteira de Goba, passando por território de Eswatini, que é uma rota mais ou menos segura.

DW África: Qual é a principal razão que faz com que haja esses ataques, para além das suspeitas que já foram lançadas? No concreto, o que é que se diz?

CN: Nós não conseguimos encontrar nenhuma razão, porque há espaços para dialogar, mesmo havendo algum problema. E quando nós falamos com os nossos parceiros, que são transportadores sul-africanos, também não nos apresentam nenhum problema. Dizem desconhecer a origem desta queima de viaturas. Portanto, é por isso que nós lançámos esse grito que compete às autoridades moçambicanas e sul-africanas investigar e os autores  serem julgados e responsabilizados pelos danos que causaram. Entretanto, até agora, alimentamos a esperança de que há processos abertos contra desconhecidos no território sul-africano e há processos abertos aqui contra algumas pessoas - uma delas está detida neste momento.

DW África: Já lá vai algum tempo desde que houve o primeiro ataque a uma viatura moçambicana na África do Sul. De lá para cá, as tais medidas de segurança de que  têm vindo a reclamar ainda não se fazem sentir no terreno. Sentem que há algum atraso por parte dos governos moçambicano e sul-africano para resolver esse problema?

CN: Há demora, sim.  O primeiro carro foi incendiado no dia 24 de janeiro e agora completamos dois meses. Nós constantemente reunimo-nos co o Ministério, na pessoa do vice-ministro dos Transportes e Comunicações, e na semana passada também fomos ao Parlamento colocar esta questão.

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