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China interessada em mediar crise no Sudão do Sul

Max Borowski / Glória Sousa7 de janeiro de 2014

Prosseguem negociações entre as partes em conflito no Sudão do Sul, enquanto exército governamental avança no terreno. Para comunidade internacional, o conflito começa a chamar a atenção. China pede cessar-fogo imediato.

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Delegação dos rebeldes do Sudão do Sul nas negociações em Addis Abeba, EtiópiaFoto: Reuters

Enquanto as tropas avançam no terreno, o conflito interno do Sudão do Sul reúne à mesa de negociações, desde segunda-feira (06.01.), em Addis Abeba, na Etiópia, as duas partes em conflito: de um lado representantes do Presidente Salva Kiir, do outro, do rival e ex-vice-presidente Riek Machar. Entretanto, o conflito desperta a atenção de mediadores e diplomatas internacionais.

O chefe de Estado do vizinho Sudão, Omar al-Bashir, esteve na segunda-feira (06.01), em Juba tendo manifestado o interesse do seu país em participar numa força conjunta para proteger os campos petrolíferos no Sudão do Sul.

Apesar de ter lutado, durante anos, contra o Exército Popular de Libertação do Sudão que reivindicava a independência e governa atualmente o Sudão do Sul, Omar al-Bashir tem interesse na estabilidade do Estado vizinho, considera Annette Weber, da Fundação para a Ciência e Política em Berlim: "Desde o início da crise e mesmo na questão política desse conflito, não vemos o envolvimento de Cartum. É realmente uma crise interna."

Para Annette Weber "o que interessa agora a al-Bashir é que o Sudão do Sul volte a funcionar por causa do petróleo e da conclusão do Acordo Amplo de Paz que ainda não está concluído."

Apesar da história sangrenta, Omar al-Bashir tem boas relações com as duas partes em conflito no Sudão do Sul.

Os intervenientes na região

O vizinho Uganda tem demonstrado particular empenho no conflito, nomeadamente com o apoio massivo às tropas governamentais de Salva Kiir.

Desde que assumiu a Presidência do Uganda, em 1986, Yoweri Museveni apoiou o Exército Popular de Libertação do Sudão contra o regime de Cartum. E mesmo depois da independência, os militares do Sudão do Sul e do Uganda cooperam, por exemplo, lutando contra a milícia do Exército de Resistência do Senhor.

No entanto, o envolvimento no conflito sul-sudanês atrai críticas ao Presidente do Uganda Yoweri Museveni, diz Casie Copeland, especialista da organização International Crisis Group: “Muitas pessoas questionam a utilidade do seu envolvimento, pois enquanto o Uganda dá apoio militar, a restante comunidade internacional apela urgentemente ao cessar-fogo”.

Já a China que normalmente se pauta pela não intervenção em conflitos internos tem mostrado um empenho excecional na questão do Sudão do Sul.

Südsudan Sudan Omar al-Bashir bei Salva Kiir in Juba
Presidente do Sudão, Omar al-Bashir, (esquerda) e Presidente do Sudão do Sul, Salva Kiir, em JubaFoto: Reuters

Na segunda-feira (06.01.), o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, deslocou-se a Addis Abeba, na Etiópia, mostrando-se disponível para mediar as conversações entre representantes de Salva Kiir e dos rebeldes.

Novidade: China a mediar conflitos

O interesse da China deve-se apenas em parte ao petróleo, defende Daniel Large, especialista e professor da Universidade de Budapeste, na Hungria: “Agora o Sudão e o Sudão do Sul são locais politicamente arriscados e de ambiente inseguro, pelo que a empresa estatal petrolífera chinesa procura evitar."

Chinas Unterhändler Wang Yi Pressekonferenz
Wang Yi, chefe da diplomacia chinesaFoto: AP

Daniel Large, entretanto, reconhece o papel que Pequim pode ter nesta negociação: "Oficialmente, a China distingue o Governo legítimo dos rebeldes mas informalmente mantém relações com os dois lados, pelo que o seu esforço de mediação pode fazer a diferença”.

No continente, a Etiópia preside atualmente a Comunidade da África Oriental e apresenta-se como uma mediadora neutra que goza de confiança entre as duas partes, tanto do Governo de Juba como dos rebeldes do ex-vice-presidente sul sudanês Riek Machar.

Além disso, os dois países mantém relações económicas estreitas. E milhares de etíopes foram, nos últimos anos, procurar emprego no Sudão do Sul.

EUA defendem solução regional

Quanto aos Estados Unidos da América, à exceção de alguns apelos à paz, têm-se mantido à margem do conflito no mais jovem país do mundo.

Konflikt im Südsudan Regierungssoldaten 25.12.2013
Exército do Sudão do Sul depois de tomar a cidade de Bor, antes nas mãos dos rebeldesFoto: Samir Bol/AFP/Getty Images

Apesar de ter estado entre os principais apoiantes para a independência do Sudão do Sul, em 2011, Washington prefere dar espaço para a Comunidade da África Oriental liderar as conversações, segundo Casie Copeland, especialista do International Crisis Group.

E a Noruega, apesar de ter tido um papel fundamental tanto para o fim da guerra civil como para a independência do Sudão do Sul, não beneficia atualmente de uma imagem de neutralidade.

O motivo é o facto do norueguês, Hilde Johnson, chefe da missão militar das Nações Unidas no Sudão do Sul ter sido acusado de estar demasiado próximo do Presidente Salva Kiir.

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