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ConflitosTerritório Ocupado da Palestina

Cerco deixa hospitais do norte de Gaza sem serviços

nn | com agências
24 de dezembro de 2024

Os hospitais Kamal Adwan, Indonésio e al-Awda, no norte de Gaza, estão inoperacionais após 80 dias de cerco israelita, deixando centenas de doentes desamparados e sob ataques contínuos.

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Médico examina criança no Hospital Al-Aqsa Martyrs, em Deir Al-Balah, na Faixa de Gaza
O Ministério da Saúde da Faixa de Gaza fala numa "violação flagrante do direito humanitário internacional"Foto: Ramadan Abed/REUTERS

Os três principais hospitais que permaneciam parcialmente operacionais no norte da Faixa de Gaza, Kamal Adwan, Indonésio e al-Awda, estão fora de serviço devido ao cerco há mais de 80 dias, denunciou hoje o Ministério da Saúde local.

"As forças de ocupação israelitas colocaram fora de serviço os três hospitais operacionais do norte de Gaza devido aos ataques contínuos que levaram à interrupção da sua atividade e à sua destruição", declarou Marwan al-Hams, diretor dos hospitais de campanha do ministério, este sábado (24.12).

O responsável explicou que a situação, que já era crítica, especialmente no hospital Kamal Adwan, em Beit Lahia, piorou na segunda-feira, quando as tropas israelitas ordenaram a retirada dos doentes daquele estabelecimento para o hospital indonésio vizinho, que foi posteriormente invadido pelo exército, que obrigou, depois, à saída de todos os doentes e feridos para a rua.

"Os ataques em curso suscitaram preocupações sobre o destino do hospital al-Awda [em Jabalia], que alberga cerca de 250 doentes e que está também sob forte cerco e ameaças contínuas", sublinhou al-Hams.

Edifícios destruídos em Jabalia, Gaza
Invasão israelita destruiu ou danificou maioria dos edifícios da Faixa de GazaFoto: Stringer/REUTERS

Crimes de guerra

O Ministério da Saúde da Faixa de Gaza denunciou que se trata de uma "violação flagrante do direito humanitário internacional", que proíbe o ataque a instalações médicas, e apelou à ação da comunidade internacional para pôr termo a estes "crimes de guerra".

Estes três hospitais continuam a funcionar sob fortes ataques há mais de 80 dias, depois de o exército israelita ter lançado uma sangrenta ofensiva de "terra queimada" no norte do enclave, que já fez mais de 4.000 mortos e desaparecidos.

Nestes hospitais, os doentes, os pacientes e os seus acompanhantes tiveram de abandonar os centros sitiados a pé, sem qualquer garantia de segurança.

"Ainda estamos a ser atacados", disse à agência noticiosa espanhola EFE o diretor interino do hospital de al-Awda, Mohamed Salha, indicando que um tanque israelita continua a perseguir o centro e que um atirador furtivo está a apontar para o edifício.

Por seu lado, o diretor do Kamal Adwan, Hussam Abu Safiya, afirmou que Israel voltou a atacar diretamente o hospital com dois 'robots' explosivos detonados a apenas 50 metros do centro, ferindo cerca de 20 npacientes e pessoal médico.

Além disso, a força aérea israelita voltou a efetuar ataques aéreos com 'drones' contra o hospital.

Pelo menos 91 pacientes permanecem no hospital abrigados numa fila de macas nos corredores, enquanto as imediações do edifício têm sido um dos principais alvos dos ataques israelitas nas últimas semanas.

Dois palestianianos abatidos

As agências de notícias internacionais dão conta de que o exército israelita matou este sábado dois palestinianos numa nova operação no campo de refugiados de Tulkarem, na Cisjordânia, num contexto de aumento das incursões no território palestiniano. Segundo informações da agência noticiosa palestiniana WAFA, um homem morreu depois de ter sido alvejado por um atirador furtivo no bairro de Al Haidaidé do campo. As ambulâncias que tentaram aproximar-se para o tratar foram também alvejadas.

No início do dia, soldados israelitas invadiram o campo com 'bulldozers' blindados, durante um cerco a vários edifícios para destruir infraestruturas, o que deu origem a confrontos.

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Pouco depois, o Ministério da Saúde ligado à Autoridade Palestiniana, no poder na Cisjordânia, afirmou, num breve comunicado publicado na sua conta Telegram, que um bombardeamento do exército israelita em Tulkarem fez um morto e um ferido em estado "muito crítico", pelo que o número de mortos pode aumentar nas próximas horas.

Fontes de segurança citadas pela WAFA detalharam que um drone atacou um grupo de pessoas no bairro de Al Hamam e afirmaram que a vítima fatal é uma mulher idosa, sem mais detalhes disponíveis até o momento.

 Por seu lado, o exército israelita confirmou em comunicado que os militares "eliminaram um terrorista em combate corpo a corpo" no campo de Tulkarem, onde estava ainda em curso, ao início da tarde, uma operação de "combate ao terrorismo".

Por outro lado, o ministro afirmou que 18 pessoas procuradas pelas autoridades foram detidas nas últimas horas em operações na Cisjordânia, nas quais foram igualmente apreendidas armas. Em particular, especificou que em Nablus um "terrorista" foi "neutralizado" quando "tentava fugir".

A 05 de outubro, Israel iniciou uma campanha de bombardeamentos contra as cidades nortenhas de Beit Lahia, Jabalia e Beit Hanoun, que se transformaram, depois, numa invasão terrestre e num cerco militar total no dia seguinte.

Milhares de mortos e desaparecidos

Em 80 dias, o cerco ao norte causou a morte de cerca de 3.000 palestinianos, enquanto cerca de 1.000 pessoas continuam desaparecidas, devido à impossibilidade de a Defesa Civil efetuar trabalhos de salvamento durante o último mês e meio, face ao risco de entrar na zona devido aos ataques diretos israelitas ao seu equipamento.

A ONU calcula que entre 10.000 e 15.000 pessoas permanecem na zona sitiada, que antes da guerra tinha mais de 440.000 habitantes. 

Atualmente, a maior parte da sua população foi deslocada à força, em grande parte devido a este último cerco.

Em mais de 14 meses de guerra, o número de pessoas mortas na Faixa de Gaza pela ofensiva militar israelita ascende a 45.338 e de feridos a 107.764, enquanto se calcula que cerca de 11.000 estejam desaparecidos sob os escombros, segundo o Ministério da Saúde.

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