CEDEAO em Bissau para procurar solução para crise
10 de abril de 2018A Guiné-Bissau continua à espera de uma solução para a mais longa crise política vivida nos últimos anos. O país está a ser gerido por um governo demissionário há mais de 80 dias. E o novo primeiro-ministro, Artur Silva, ainda não conseguiu o apoio dos partidos para constituir o seu elenco.
Para tentar alcançar uma solução que permita formar um novo Governo que, por sua vez, terá a missão de organizar as próximas eleições legislativas, chegou esta terça-feira (10.04) à capital guineense o presidente da comissão da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO).
Jean-Claude Kassi Brou encontrou-se com o Presidente da Guiné-Bissau, José Mário Vaz, e com o presidente do Parlamento, Cipriano Cassamá, antecipando a vinda da missão ministerial do alto nível, que chega quarta-feira a Bissau.
Aos jornalistas, disse apenas que está em contacto com as autoridades "para discutir a crise política", remetendo mais detalhes da missão para a delegação ministerial que irá reunir-se com as partes signatárias do Acordo de Conacri.
Atitude firme da CEDEAO
Aos microfones da DW África, Vicente Fernandes, líder do Partido da Convergência Democrática (PCD), partido com representação parlamentar e um dos signatários do Acordo de Conacri, diz esperar uma atitude firme da CEDEAO.
"Penso, desejo e sonho que, de facto, eles (a CEDEAO) definitivamente tomem uma posição tendente a impor, agora não é a exortar, mas sim impor ao Presidente da República que nomeie o primeiro-ministro de consenso no Acordo de Conacri, que é Augusto Olivais", afirma Vicente Fernandes.
"Já lá vão dois anos desde que assinamos o acordo e nada foi feito para a sua implementação", sublinha ainda. O Acordo de Conacri foi elaborado devido à falta de consenso entre as várias forças políticas e previa a nomeação de um primeiro-ministro de consenso. Agora vai voltar a ser analisado porque a CEDEAO entende que ainda não foi posto em prática.
A missão de alto nível da CEDEAO é liderada pelo chefe da diplomacia do Togo, Robert Dussey, e durante a sua estada em Bissau vai reunir-se com as "autoridades e atores políticos no quadro da implementação do Acordo de Conacri."
Crise social
Com o agudizar da crise, agudiza-se também a situação social. O país depara-se com longos cortes de energia eléctrica e no fornecimento de água potável.
Segundo a diretora de operações do Banco Mundial para a Guiné-Bissau, Louise Cord, a atual situação política no país está a dificultar o trabalho da organização no apoio ao combate à pobreza.
"Temos uma estratégia para apoiar a Guiné-Bissau nos próximos três anos e gostávamos de continuar a implementar esta estratégia para reduzir a pobreza, mas é muito importante para nós que exista um Governo efetivo com o quem possamos implementar estes programas e espero que isso aconteça brevemente", disse esta terça-feira (10.04).
São esperadas grandes novidades no plano político em Bissau durante esta semana. No próximo sábado (15.04), os líderes da CEDEAO reúnem-se em cimeira extraordinária com um único ponto: o impasse político na Guiné-Bissau e medidas para sair da crise. A cimeira terá lugar em Lomé, no Togo.