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Guiné-Bissau: FMI alerta para impacto da crise na economia

Lusa
2 de abril de 2018

FMI terminou a sua quinta e última avaliação ao Programa de Crédito Alargado no valor de 21 milhões de euros. Se o relatório for aprovado, em junho, o Fundo poderá disponibilizar mais 3,5 milhões de euros a Bissau.

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Foto: Getty Images/AFP/M. Ngan

O Fundo Monetário Internacional (FMI) considerou esta segunda-feira (02.04) que a atividade económica da Guiné-Bissau continua dinâmica, suportada pelo preço do caju e investimento externo, mas alertou que a situação política, a persistir, poderá ter impacto negativo nos negócios. 

O FMI terminou hoje a sua quinta e última avaliação ao Programa de Crédito Alargado, aprovado em julho de 2015, no valor de 23,5 milhões de dólares (cerca de 21 milhões de euros), mas as autoridades guineenses pediram que fosse prolongado por mais um ano.

O Conselho de Administração do FMI vai avaliar em junho o relatório da quinta avaliação e a prorrogação do programa. Caso seja aprovado o relatório, o FMI vai disponibilizar à Guiné-Bissau mais um empréstimo de 4,4 milhões de dólares (cerca de 3,5 milhões de euros).

"A implementação do programa foi satisfatória. Todos os critérios quantitativos de desempenho e metas indicativas para a quinta avaliação foram cumpridos e as reformas estruturais estão a avançar, embora com atraso em alguns casos. A missão saudou o compromisso continuado das autoridades com o programa e os seus objetivos de consolidação da estabilidade macroeconómica e promoção das reformas estruturais para apoiar um crescimento económico forte e amplo", afirmou o chefe da missão Tobias Rasmussen.

Perspetivas positivas podem sofrer com a crise

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Palácio Presidencial, em BissauFoto: DW/Braima Darame

Segundo o responsável, as perspetivas económicas são "amplamente positivas" e o aumento do investimento público "deve ajudar a colmatar lacunas na infraestrutura essencial, incluindo o fornecimento de eletricidade".

"Ao mesmo tempo, os termos das condições de comércio da Guiné-Bissau deterioram-se, com preços mais altos nas importações de petróleo e parecendo as perspetivas para as exportações de caju menos favoráveis do que no ano passado", salientou, em declarações aos jornalistas. Para o chefe da missão do FMI, a "maior tensão política desde a queda do Governo, em janeiro, caso persista, prejudicaria a implementação de políticas e afetaria negativamente o clima de negócios".

A crise política na Guiné-Bissau continua num impasse e no final de janeiro o Presidente guineense nomeou um novo primeiro-ministro para o país, mas a composição do seu Governo continua sem ser anunciada mais de 50 dias depois de ter tomado posse.

Na conferência de imprensa, Tobias Rasmussen insistiu no fortalecimento do setor bancário e na aplicação de normas prudenciais para o setor financeiro se manter sólido devido ao "alto nível de crédito malparado".

O FMI recomendou também que a promoção e desenvolvimento do setor privado sejam feitos através de políticas "mais estáveis, transparentes e viradas para o mercado", especialmente no setor do caju.

Défice diminui para 1,5%

O Fundo Monetário Internacional anunciou que o défice orçamental da Guiné-Bissau baixou de 4,7% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2016 para 1,5% em 2017 e que o crescimento económico deverá situar-se nos 5,9%.

"A atividade económica manteve-se dinâmica, suportada pelos elevados preços do caju, pelo aumento do investimento e gestão prudente", afirmou o chefe da missão do FMI.

Segundo Tobias Rasmussen, o crescimento real do PIB em 2017 deverá situar-se em 5,9%, com uma inflação média de 1,1% e um défice externo da conta corrente de 0,5% do PIB.

"Como as receitas do Governo cresceram fortemente e as despesas foram contidas, o défice orçamental total, na base de compromissos, diminuiu drasticamente de 4,7% do PIB em 2016 para 1,5% em 2017", salientou.

Tobias Rasmussen salientou, contudo, que a "extensão do crédito tem sido moderada, com altos níveis de crédito malparado e desafios persistentes decorrentes do anulado resgate bancário de 2015".

"Não estamos eufóricos”

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João Fadiá (esquerda) Foto: DW/F. Tchuma

O ministro das Finanças da Guiné-Bissau, João Fadiá, afirmou que o país enfrenta desafios enormes e que 2018 vai ser um ano difícil, devendo continuar o esforço financeiro e a gestão prudente. 

"Não estamos eufóricos, nem vamos estar com esta declaração [do FMI], porque os desafios são enormes", disse o ministro. 

Segundo João Fadiá, as trocas comerciais deterioram-se e houve pouca expansão do crédito e o crédito malparado continua elevado.

"Isto significa que em 2018 devemos continuar o esforço na arrecadação de receita e uma gestão prudente", salientou.

Para o ministro das Finanças guineense, 2018 vai ser um "ano difícil" devido não só ao aumento do preço do petróleo, que a Guiné-Bissau importa, mas também porque o país depende da exportação da castanha de caju e o preço no mercado internacional não está melhor que no ano passado.

"Mas, no fundo, estamos encorajados com a decisão do FMI de acolher a nossa proposta de extensão do programa por mais um ano", disse.

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