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Camionistas angolanos em braço de ferro com a RDC

Simão Lelo
8 de novembro de 2024

Camionistas angolanos pautam-se pela reciprocidade e exigem também aos colegas congoleses vistos migratórios. Bloquearam a fronteira do Nóqui e impediram a entrada em Angola de transportadores congoleses.

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Foto ilustrativa
Foto ilustrativaFoto: AFP/Getty Images

Camionistas angolanos bloquearam a fronteira do Nóqui, na província do Zaire, impedindo a entrada em Angola de transportadores congoleses. O bloqueio é uma forma de retaliação à decisão do Governo da República de Democrática do Congo (RDC) de voltar a impedir os camionistas angolanos de entrar, exigindo vistos migratórios.

Este é um braço de ferro que se arrasta há meses entre Angola e a República Democrática do Congo (RDC), e entra agora numa nova ronda.

Os camionistas angolanos tomaram o caso em mãos e montaram barricadas, bloqueando a circulação rodoviária para os camionistas congoleses. Quem quiser entrar em Angola, só o poderá fazer com visto, diz o presidente da Associação dos Transportadores Rodoviários de Mercadorias de Angola (ATROMA), António Gavião.

"Operadores congoleses que têm como passagens para Luanda, bem como em serviço, devem apresentar esse documento. Quem não o tem, não avança", exige.

É uma medida de retaliação depois do anúncio do Governo da República de Democrática do Congo (RDC), que exige aos camionistas angolanos vistos migratórios para entrar no seu território.

"A condição para circularmos agora passa com um passaporte com visto dentro do território congolês até chegarmos em Cabinda. Ou seja, Nóqui, Matadi, Muanda até chegarmos ao Yema, fronteira de Cabinda", conta.

Raúl Tati, presidente do "governo sombra" da UNITA, maior partido da oposição angolana
Raúl Tati, presidente do "governo sombra" da UNITA, maior partido da oposição angolanaFoto: DW/J. Carlos

Relações comprometidas?

Em declarações à DW, o presidente da ATROMA alerta que "com esse andar da coisa, as relações comerciais entre os dois Estados beliscam-se."

As questões aduaneiras e os impedimentos à circulação de camiões de mercadorias têm sido temas recorrentes em cima da mesa dos chefes da diplomacia de Angola e da República Democráticado Congo.

Mas, no início de outubro, Luanda anunciou a normalização da situação, com o fim da interdição à circulação de camionistas angolanos na RDC. .

Para Raúl Tati, presidente do "governo sombra" do maior partido da oposição em Angola, a UNITA, tudo isto pode ser a consequência de um vigoroso braço de ferro político.

"Essa conduta dos congoleses não é desprovida de alguns interesses políticos, porque isto de mandar passar camiões pela RDC para trazer mercadorias não é solução senão remediar o problema geográfico", defende.

O jurista Domingos João Marques pede uma solução diplomática: "Para haver a diplomacia, é preciso que as partes saiam a ganhar. Quando não se encontra soluções para um problema em que existe solução, isto significa falta de vontade."

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