Caju pode estar em extinção na Guiné-Bissau
5 de abril de 2023A castanha de caju é o maior produto de exportação da Guiné-Bissau, considerado "estratégico" para a economia nacional. Rende anualmente vários milhões de dólares ao país, em resultado da sua exportação para países como o Vietname ou a Índia.
Cerca de uma semana depois da abertura da campanha de comercialização e exportação da castanha de caju, ainda não são conhecidas as taxas que serão aplicadas de produtor ao exportador, nem as medidas para a regulamentação dessa atividade económica.
A DW África contactou o Ministério do Comércio da Guiné-Bissau, mas a entidade governamental promete pronunciar-se em breve sobre a matéria.
Cenário preocupante
O presidente da Associação Nacional dos Agricultores (ANAG), Jaime Boles Gomes, alerta que o caju pode estar em extinção na Guiné-Bissau: "O cenário atual é preocupante. [O caju] está a passar uma situação tão grave e nós temos o problema de desaparecimento de caju, quer dizer o cajueiro está invadido de pragas, de velhice, de forma que a produção caiu drasticamente".
Mamadu Yero Jamanca, presidente da Associação Nacional dos Importadores e Exportadores (ANIE - GB), diz que há falta de qualidade no caju da Guiné-Bissau, "por falta de investimento nos recursos humanos e no próprio pomar de caju."
Os autores primários, lembra Jamanca, "as mulheres e os jovens que se encontram nas aldeias, debaixo dos cajueiros", devem "ser a prioridade das prioridades do fruto do negócio de caju".
Jaime Boles Gomes, presidente da ANG, sabe como se deve salvar o caju: "Criando fundo e investindo esse fundo diretamente no caju, vamos sanear muitas coisas, entre as quais podemos resolver o problema das pragas, podemos também criar as condições de secagem e a embalagem do próprio produto".
Polémica antiga
A campanha de comercialização e exportação da castanha de caju é alimentada, nos últimos anos, pela polémica entre vários intervenientes no setor que se culpam mutuamente por "pouco sucesso" da atividade.
Mas Mamadu Yero Jamanca, presidente da Associação Nacional dos Importadores e Exportadores, aponta caminhos para que tudo seja diferente este ano.
"Logo à partida, desburocratizar o sistema de acesso ao negócio em si. Ou o governo aceita que o negócio desta fruta seca fique entregue à genuína lei de mercado livre de concorrência ou [deve] cumpriras leis que são feitas e direcionadas para esse fim", defende.
Segundo apurou a DW África, até ao início desta semana, foram exportadas 195 mil toneladas de castanha de caju, referente à campanha do ano 2022, um número ainda inferior às 236 mil toneladas de 2021.