Bissau vai nacionalizar castanha do caju e pescado
18 de março de 2022O primeiro-ministro da Guiné-Bissau, Nuno Nabiam, disse esta sexta-feira (18.09.) que o Governo está a trabalhar "serenamente para, na altura certa" informar a população de como pretende nacionalizar os dois produtos.
Falando da castanha de caju, principal produto agrícola e de exportação do país, o primeiro-ministro disse que não é normal que alguns comerciantes estrangeiros estejam a ganhar mais dinheiro que os nacionais.
"Em relação à castanha de caju há pessoas que vêm cá durante dois, três meses, ganham muito dinheiro que não é revertido para o interesse do país. Temos o setor agrícola que continua na miséria. Nós pensamos que a estratégia de nacionalizar esse produto vai ajudar a Guiné-Bissau a aumentar o PIB", defendeu Nabiam.
Dados da Aliança Africana do Caju indicam a Guiné-Bissau como segundo maior produtor do continente, a seguir à Costa do Marfim, contribuindo com cerca de 8% da castanha produzida no mundo.
O país tem um parque agrícola potencial para produzir até 350 mil toneladas, mas oficialmente exporta anualmente cerca de 200 mil toneladas da castanha de caju, em estado bruto, rendendo aos cofres do Estado cerca de 156 milhões de euros.
O principal mercado comprador do caju da Guiné-Bissau é a Índia e o Vietname.
Pesca: "vimos que já estamos em condições"
O primeiro-ministro indicou igualmente que o setor das pescas deverá ser também nacionalizado a partir de mudanças em curso no sentido de possibilitar a que o país comece a exportar o produto.
"Nós visitamos o setor e vimos que já estamos em condições de, dentro de dois, três meses, poder exportar, a partir da Guiné-Bissau, e isso vai trazer mais-valia para a nossa economia", observou Nuno Nabiam, referindo-se às visitas, na semana passada, ao projeto de construção pela cooperação chinesa do porto de pesca no Alto Bandim, nos arredores de Bissau.
A Guiné-Bissau possui acordos de pesca com a União Europeia e o Senegal (pesca artesanal e industrial), mas também armadores russos, sul-coreanos e chineses operam nas águas do país.