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Cabo Verde quer retomar relações estreitas com a Líbia

1 de setembro de 2011

Cabo Verde manteve relações muito estreitas com a Líbia até à queda de Muammar Kadhafi. O que pode ter contribuído para a certa relutância inicial em condenar aquele regime, quando estalou a revolta.

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Para crescer, a economia cabo-verdiana necessita de investimentos estrangeirosFoto: picture-alliance / Bildagentur Huber

Foi há relativamente pouco tempo que o Ministério das Relações Exteriores cabo-verdiano, num comunicado, esclareceu a posição do país, reconhecendo publicamente o Conselho Nacional de Transição (CNT) líbio como interlocutor legítimo na crise líbia. José Luís Rocha, Secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros, explicou à Deutsche Welle que Cabo Verde decidiu reconhecer o CNT por se aperceber da necessidade de “salvaguardar os interesses da população líbia” e a integridade física do território. Para o governante importa agora assegurar a transição “no respeito dos fundamentais da democracia e dos direitos humanos, para que haja eleições e a constituição de um governo legítimo neste pais”.

A Líbia planeava importantes investimentos em Cabo Verde

As relações bilaterais entre Cabo Verde e a Líbia foram sempre estreitas, como provam numerosas deslocações do Presidente cabo-verdiano, Pedro Pires, a Tripoli, para se avistar com o líder líbio, Muammar Kadhafi. Assim, os dois países acordaram, no ano passado, criar missões diplomáticas nas respetivas capitais.

Muammar Gaddafi
Graça à assistência líbia para África, o coronel Kadhafi era sempre bem-vindo pela maioria dos governantes africanosFoto: picture-alliance/dpa

A Líbia decidiu ainda investir no arquipélago cabo-verdiano. Para este fim abriu um banco comercial em Cabo Verde, instituição financiada a 100% com capitais líbios, e que planeava investir em vários setores económicos nas ilhas. O futuro das relações líbio-cabo-verdianas é agora uma incógnita.

Mas o Secretário de Estado mostrou-se confiante na entrevista que concedeu à Deutsche Welle: “As nossas relações são relações de Estado” disse, salientando que “até agora havia mais perspetivas de cooperação. Não temos projetos financiados pela Líbia em Cabo Verde”. O governante não deteta, por isso, obstáculos, a uma continuação das relações com a Líbia nos mesmos moldes, quando Tripoli tiver “um novo governo legítimo”.

Paradeiro de embaixador líbio continua por determinar

Em fevereiro último, o embaixador da Líbia em Cabo Verde, Salem Ali Mohmed, abandonou a Cidade da Praia sem informar as autoridades cabo-verdianas que até agora desconhecem o paradeiro do diplomata. Fontes do Palácio das Comunidades admitem que Salem Ali Mohmed terá mudado de campo. Uma informação que não é confirmada por José Luís Rocha, que diz desconhecer “a causa da sua partida” e apenas indicou que a embaixada líbia continua em funcionamento.

Libyen Rebellen Ras Lanuf NO FLASH
Resta saber se os novos governantes líbios esquecerão a relutância dos governos africanos em condenar KadhafiFoto: AP

Autor: Nélio dos Santos (Cidade da Praia)

Edição: Cristina Krippahl/António Rocha