Bielorrússia: Oposição denuncia fraude eleitoral
9 de agosto de 2020Quase sete milhões de bielorrussos são chamados às urnas este domingo (09.08), embora mais de um terço dos eleitores tenha podido votar antecipadamente.
As mesas de voto abriram a horas ( 08.00 horas locais) numa eleição em que Presidente bielorrusso, Alexandre Lukashenko, que está no poder desde 1994 e que alterou a constituição várias vezes para poder concorrer à reeleição sem limites, procura um sexto mandato. Como principal rival, Lukashenko tem Svetlana Tijanovskaya, a candidata de uma oposição unificada.
São esperados protestos
Nas últimas horas, têm sido muitas as denúncias da oposição sobre episódios de fraude eleitoral, o que faz prever que, após o fecho das urnas, os apoiantes da oposição saiam à rua em protesto. Isso mesmo confirmou à agência de notícias France Press, Tatiana Protasevich, de 24 anos.
"O medo já não existe. Os bielorussos não ficarão calados e vão protestar em voz alta", garantiu.
A oposição garante que o voto antecipado, que decorreu entre terça-feira e sábado desta semana, foi ocasião para numerosas fraudes. E diz também que houve muita repressão, tendo no sábado (08.08) sido presa a diretora de campanha da candidata Tikhanovskaia, Maria Moroz.
Os resultados das últimas quatro eleições presidenciais na Bielorrússia não foram reconhecidos como justos pelos observadores da Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE), que denunciaram fraudes e pressões sobre a oposição. Nestas eleições, e pela primeira vez desde 2001, a OSCE não está presente na votação, por não ter recebido um convite oficial a tempo.
Além da ausência de observadores ocidentais, a oposição denunciou, este domingo (09.08), o bloqueio da Internet, que os críticos de Lukachenko dizem visar evitar uma contagem paralela dos votos e a mobilização dos opositores através das redes sociais.
Candidatos votaram
Confrontado com a possibilidade da realização de protestos após o fecho das urnas, Alexandre Lukachenko disse que "ninguém permitirá uma perda de controlo da situação".
Tudo vai ficar sob controlo, garanto-vos (...) Não tenham dúvidas", afirmou Lukachenko.
Também em declarações à imprensa após exercer o seu direito de voto, a principal adversária de Lukachenko, Svetlana Tikhanovskaïa, apelou a um escrutínio honesto e pacífico.
"Quero verdadeiramente uma eleição honesta, é a isso que apelo", disse aos jornalistas, em Minsk, acrescentando: "Espero que tudo seja pacífico e que a polícia
não use a força".
A candidata, 37 anos, que também tem vindo a denunciar "fraudes vergonhosas", assegurou que o poder nada tem "a temer". "Se todo o povo apoiar realmente Alexander Gregoryevich (Lukashenko), reconhecê-lo-emos", adiantou.