Detenções e denúncias de tortura em Alto Molocué
16 de outubro de 2018Até ao final da tarde desta segunda-feira (15.10), 20 pessoas - membros da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) e civis - continuavam detidas em Alto Molocué, alegadamente por terem apoiado a RENAMO no processo de votação e por tumultos que visavam contestar os resultados das eleições autárquicas de 10 de outubro.
José Palaço, o cabeça de lista da RENAMO na vila do norte da Zambézia, descreve um ambiente de terror na autarquia desde as eleições de quarta-feira. "Neste momento em Alto Molocué há uma caça às bruxas a todos aqueles que participaram na campanha da RENAMO e que durante as caravanas eram simpatizamtes da RENAMO estão a ser detidos", conta.
"São prisões arbitrárias, ninguém acode aqui à população. As prisões continuam e não são só membros da RENAMO, é a população que não esteve a participar na campanha da FRELIMO", critica José Palaço.
O cabeça de lista da RENAMO denuncia ainda situações de tortura contra apoiantes do partido: "Todo o mundo que participou na campanha da RENAMO está a ser notificado. Ontem estavam a torturar algumas pessoas, algemando-as dizendo que são membros da oposição."
Polícia desmente tortura
O comandante da polícia em Alto Molocue, António Mandjendje, desmente as acusações. "As pessoas são livres de falarem aquilo que querem, eu não tenho esta informação. Depois daquele tumulto ou vandalismo daquele dia (11.10), que durou duas horas, até aqui não há nada, a situação esta calma", diz.
Além dos detidos apontados pela RENAMO, vários membros e apoiantes do partido terão sido notificados pela polícia. Josina Esperança, simpatizante da RENAMO, foi uma das visadas. "Eu trabalho no distrito de Ile, ligaram-me de Molocué para casa a dizerem-me que fui notificada pela polícia, mas não sei porquê", conta.
A RENAMO continua a contestar os resultados eleitorais de quarta-feira, que deram vitória à Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO, no poder). Segundo Palaço, cabeça de lista do maior partido da oposição, a RENAMO já submeteu a contestação ao tribunal judicial do distrito de Alto Molocué e está neste momento a aguardar uma resposta dentro de 48 horas, conforme a lei.