JURA desvaloriza polémicas no arranque do V Congresso
16 de março de 2023Arranca esta quinta-feira o V Congresso Ordinário da Juventude Unida Revolucionária de Angola (JURA), braço juvenil da UNITA, sob o lema "Inovar e Mobilizar para Vencer".
A corrida à liderança da JURA conta apenas com dois candidatos, Nelito Ekukui e João Lukombo, após o afastamento dos restantes pré-candidatos por "insuficiência de requisitos e má conduta".
Do encontro de dois dias saíra o novo líder da organização juvenil, que irá suceder Agostinho Kamuango no cargo de secretário-geral da JURA.
Em entrevista à DW, Elsa Pataco, porta-voz do Congresso, esclareceu as polémicas que marcaram o processo de candidatura à liderança da JURA. Pataco sublinhou ainda que a organização juvenil perspetiva uma liderança "capaz de ser o garante da juventude que não se revê nas políticas do atual Governo"
DW África: Dos seis pré-candidatos à liderança da JURA, apenas dois foram apurados. O que aconteceu?
Elsa Pataco (EP): Essas situações são normais, afinal de contas, quando se exige uma eleição ou um congresso com múltiplas candidaturas, há um critério exigível para estes processos, para avaliar os pré-candidatos, a sua idoneidade política, tempo de militância e tantos outros requisitos que compõem este processo. E a partir dali faz-se uma apuração e o resultado é aquele em que uns são aptos, outros não são aptos. Todos os membros da JURA estão cientes destes requisitos, só que ainda há pessoas que sempre tentam a sorte.
DW África: No entanto, este processo esteve envolto em polémica. Vozes dentro do partido questionaram o afastamento de pré-candidatos para alegadamente favorecer o candidato Nelito Ekuikui. Como comenta essa situação?
EP: Acredito que seja um equívoco da parte de quem tenha pronunciado tais afirmações, porque se quisesse de facto afastar este ou aquele, a direção do partido tem autonomia suficiente para anular qualquer tipo de eleição. Podia estar em condições de dizer que a partir de agora já não se vai mais a eleição, mas sim nomeia-se. Porque até então os líderes da Juventude Unida Revolucionária de Angola eram indicados. Só desde 2004 é que passaram a ser eleitos. Portanto, deu-se esta abertur. Claro que o partido, dentro da sua estratégia, tem definido um perfil da próxima liderança. Agora, nunca se discutiu indivíduos.
DW África: Mas também dois pré-candidatos, António Marques e Domingos Palanga, foram suspensos no último sábado...
EP: Eles foram, sim, suspensos, mas isso tudo decorre do processo que eles remeteram na apresentação das candidaturas, onde se encontraram insuficiências não supríveis, que fez com que fossem arrolados ao departamento de jurisdição a nível do partido para os trâmites legais e conformar certas situações que se foram verificando, e isto culminou com uma suspensão dos mesmos.
DW África: Quais são as perspetivas para o Congresso e para o futuro do braço juvenil da UNITA?
EP: Nós viemos de um pleito eleitoral e precisamos de redefinir as estratégias face aos próximos desafios. Estamos a tratar da vida interna da organização, a reestruturação em si, a conformação e validação dos estatutos e regulamentos. A nível da juventude angolana em si, temos também temas como a problemática da emigração em plena era da paz, a questão da delinquência juvenil, a pobreza e a falta de emprego. As expectativas que temos é que consigamos sair deste congresso com uma liderança compacta, partindo dos resultados das eleições passadas. Precisamos de encontrar mecanismos que nos façam alcançar aquilo que nós sempre defendemos como causa, que é libertar Angola de toda esta má governação, incutir na juventude a responsabilidade de Estado. Quando vemos a juventude a emigrar numa era de paz, isto preocupa qualquer um. Temos de ter uma JURA capaz de ser o garante de toda aquela juventude que não se revê nas políticas do atual Governo.