UNITA critica processo eleitoral para angolanos em Portugal
15 de julho de 2022"Até agora, está tudo a correr muito bem" nos preparativos para as eleições de 24 de agosto para a diáspora angolana, disse à DW África Carlos Santos, vice-cônsul para as Comunidades e responsável pela organização do processo eleitoral em Portugal.
Os preparativos começaram com "a formação dos pontos focais e a abertura do concurso para os delegados de mesa [agentes eleitorais]", disse Santos à DW África, acrescentando que, com a "divulgação de forma antecipada", os concorrentes "acorreram naturalmente aos serviços e fizeram a inscrição".
O vice-cônsul diz que dentro de alguns dias irão começar a "rececionar os equipamentos, ou seja, toda a logística para o processo e depois o próprio ato eleitoral."
A Juventude Unida Revolucionária de Angola (JURA) critica ter tido conhecimento do concurso em cima da hora.
"Eu pessoalmente tentei ligar para o consulado de Lisboa para perguntar o que é se passava", disse Edgar Kapapelo, representante da JURA em Portugal.
UNITA cita "falta de vontade"
As inscrições estiveram oficialmente abertas entre os dias 4 e 5 de julho, conforme o comunicado postado na página online do Consulado Geral da Embaixada de Angola em Lisboa.
As datas provocaram divergências, com o representante da JURA a insistir que recebeu tardiamente a comunicação do Consulado do Porto para o recrutamento de agentes eleitorais.
"Porque, se se começa a inscrição no dia 4 e termina no dia 5, e tomámos conhecimento no dia 4, é preciso perceber que não havia vontade. Mesmo nas missões de Lisboa não houve nenhum tipo de comunicado. Respondiam-nos: "está no site", disse Kapapelo à DW África.
Num comunicado a que a DW África teve acesso, a JURA sugeriu a extensão das datas de recrutamento e seleção dos agentes eleitorais para o fim de semana de 9 e 10 deste mês, mas sem resultado.
Ouvido pela DW África, o vice-cônsul para as comunidades afirma desconhecer qualquer reclamação ou contacto por parte da representação da JURA.
"Também não é nossa responsabilidade se as pessoas não tiveram conhecimento. Porque aquele pressuposto de divulgação antecipada foi feito", disse, reforçando que cabia aos interessados "acorrerem aos serviços em função do anúncio".
Adesão considerável
Apesar desta falta de entendimento, Carlos Santos destaca uma quantia "considerável" de aderentes.
"É natural que algumas pessoas não se apercebessem. Mas o número de candidatos que tivemos foi bastante considerável".
Edgar Kapapelo lamenta não ser clara nem fácil a comunicação com os partidos políticos e os movimentos associativos. O dirigente juvenil da UNITA também questiona o procedimento para a constituição das mesas de voto e a fiscalização do processo eleitoral, e apelida de "muito perigosa" a falta de comunicação.
Mesmo tendo em conta estas adversidades, o representante da JURA insiste na vontade de continuar a ajudar para o bem da política angolana.
"Nós estamos preocupados e o ceticismo cresce. Mas ainda temos vontade [para contribuir]. Sabemos que há muito bom angolano com vontade de fiscalizar, nem que seja de forma paralela, tudo isto que está a acontecer", afirmou.
Formação para as mesas de voto
A JURA considera preocupante faltar tão pouco tempo para o arranque da campanha oficial sem que a questão da formação dos agentes eleitorais esteja clarificada.
O vice-cônsul da Embaixada de Angola, Carlos Santos, assegura que, dentro dos próximos dias, os agentes eleitorais selecionados, considerados "pessoas apartidárias", receberão formação adequada.
"Nós temos nove mesas. Em função daquilo que está planeado deveremos ter um número de agentes eleitorais para cada uma das mesas. Serão selecionados e vão receber formação", explicou.
A JURA em Portugal pede seriedade e lembra o descrédito que rodeou o anterior processo de registo eleitoral oficioso, o qual – sublinha - "ficou aquém do previsto".
Embora o número dos angolanos registados tenha ficado aquém das previsões, Carlos Santos qualifica de "positivo" o registo eleitoral oficioso. Admitindo que houve pessoas que ficaram de fora, reitera que não foi por falta de informação.