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Analista Alfazema diz que é alvo de ameaças de morte

8 de novembro de 2024

Comentador político Dércio Alfazema diz estar a ser alvo de ameaças de morte por supostos apoiantes de Venâncio Mondlane. Críticas na TVM não teriam agradado ao candidato presidencial apoiado pelo PODEMOS.

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Dércio Alfazema, analista político moçambicano
Analista político Dércio Alfazema deixou a sua casa por motivos de segurança Foto: Arcénio Sebastião/DW

O comentador político moçambicano Dércio Alfazema denuncia estar a ser vítima de ameaças de morte por parte de apoiantes do candidato presidencial Venâncio Mondlane. Em entrevista à DW África, o analista explica com detalhes o queacha estar na base destas ameaças através de mensagens, inclusivamente nas redes sociais. As críticas que fez ao candidato presidencial Venâncio Mondlane, numa entrevista na Televisão de Moçambique (TVM), não terão agradado ao candidato presidencial do PODEMOS e aos seus apoiantes.

Por esta razão Dércio Alfazema diz estar foragido de sua casa por questões de segurança.

DW África: O que está a acontecer consigo? Que tipo de ameaças está a receber?

Dércio Alfazema (DA): Nós estamos a assistir à emergência de um grupo politicamente intolerante, que atua no extremismo político. É o grupo do Venâncio Mondlane, que não se pode criticar, não se pode apontar com o dedo, não se pode falar da sua fragilidade. Eles se mobilizam para atacar a imagem da pessoa, proferir ameaças diretas e veladas. Inclusivamente hoje, depois de uma intervenção que eu fiz num órgão de comunicação social em direto, recebi um áudio com ameaça clara de morte. E há várias mensagens que também são colocadas na minha conta pessoal com ameaças diretas de morte. E isto liga-se muito à forma deste extremismo político que tem estado a caraterizar a atuação de Venâncio Mondlane. Ele, direta ou indiretamente, tem estado a passar esta ideia e esta forma de fazer política para os seus apoiantes.

DW África: Mas, o que é que terá incendiado este ódio para consigo?

DA: Não só comigo. Parece que sou uma das pessoas. E falo agora porque isto tocou-me, mas eu já vi outras pessoas também a passarem por isto. Até há pessoas que dizem ter sido cercadas as suas casas por estes apoiantes. As pessoas não querem que se fale de Venâncio Mondlane ou que se faça uma análise crítica a apontar as suas fragilidades. Vêm logo como inimigo.

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Venâncio Mondlane e apoiantes acusados de perseguição a analistaFoto: ALFREDO ZUNIGA/AFP

DW África: E sente que neste momento os seus direitos e as suas liberdades para expressar os seus sentimentos estão limitados?

DA: Há um interesse de coartar o exercício do direito da liberdade de expressão. Podemos até fazer isto com os outros atores políticos, mas não podemos fazer isto em relação ao Venâncio Mondlane. E o mais preocupante não é quando são os apoiantes, mas é quando ele próprio também reage negativamente à crítica. Eu estive numa televisão há dois dias e ontem recebi uma mensagem muito dura do Venâncio Mondlane. Não respondi em respeito e consideração [por ele].

Nós estamos a falar de alguém que exerceu muito bem e com total liberdade este direito de liberdade de expressão, como um analista político que foi, como um ativista político que foi, mesmo como político. Ele questionou a todos, inclusive ao Presidenta da República. Então, agora não pode ser ele a promover um movimento contrário e até, direta ou indiretamente, incentivar as pessoas para que se destilem o ódio em relação a todos aqueles que o criticam.

DW África: Sente-se ameaçado neste momento?

DA: Sim. Sinto-me ameaçado. Inclusive tive de sair de casa e retirar a minha família de lá para poder estar em um lugar seguro, porque as ameaças são claras e diretas. O meu endereço está divulgado nas redes sociais, na Internet. Há um dos apoiantes do Venâncio Mondlane que pensa que oculta o nome no Facebook e diz que eu quero matar o Venâncio Mondlane e, por isso, também tenho que ser morto. Mas, claramente que não é isto que vai coartar-me o direito de poder expressar livremente e de continuar a fazer o meu trabalho, que é o de olhar a dinâmica política e económica social e fazer o retrato para a sociedade.

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