Aline Frazão exige libertação de ativistas angolanos
24 de julho de 2015"A situação é preocupante", diz Aline Frazão. Em entrevista à DW África, à margem do 17º Festival Músicas do Mundo (FMM Sines 2015), a decorrer em Sines, no litoral alentejano português, a cantora angolana afirmou que a música é um dos instrumentos que os artistas e cidadãos - não só angolanos - vão usar para denunciar os sistemáticos atos de violação dos direitos humanos no seu país natal.
Aline Frazão é a única voz de Angola no Festival Músicas do Mundo. Ao início da noite desta quinta-feira (23.07), brindou o público no Castelo de Sines com alguns dos temas do seu novo álbum a ser lançado em outubro deste ano.
Dois anos depois da sua última atuação no palco da costa alentejana, a cantora angolana terminou o concerto denunciando os atropelos à liberdade de expressão e de reunião no seu país natal. Aline Frazão fez questão de ler os nomes dos 15 ativistas presos pelo regime de Luanda - um gesto que corresponde à onda de indignação, que cresce em Portugal, contra a falta de liberdade de expressão e de opinião em Angola.
Apelo ao respeito pelos valores democráticos
Pouco antes do seu concerto, a cantora angolana disse à DW África que tem acompanhado "com muita preocupação" a situação atual em Angola. "Coincidiu com a gravação do meu disco, eu estava a gravar quando recebi a notícia de que os ativistas tinham sido presos", conta. "Claro que quando estamos longe sentimos uma certa impotência, uma certa insatisfação por não podermos estar mais presentes, mas tentamos sempre usar as ferramentas ao nosso alcance para chamar a atenção para o que está a acontecer lá".
A cantora angolana afirma que fazer política não é a sua principal bandeira, mas, por força das circunstâncias, Aline Frazão associou-se, entre outros, ao movimento de cidadãos que gravaram dois vídeos em forma de manifesto a apelar ao respeito pelos valores da democracia em Angola.
"Apesar de o MPLA ter sido eleito, a democracia não se fecha nas eleições", lembra a cantora, afirmando que "é preciso deixar que as pessoas falem, digam o que pensam de forma livre". "Só assim se pode construir um país mais forte e mais preparado para as novas eras, novos desafios e até mesmo os contextos económicos oscilantes que qualquer país tem de enfrentar", conclui.
Cabo Verde e Moçambique também marcam presença no FMM Sines
Tal como Aline Frazão, vários músicos já passaram pelo Festival Músicas do Mundo, que arrancou na sexta-feira (17.07), com o português Janita Salomé.
No segundo dia, destaque para a estreante cabo-verdiana, Élida Almeida. Admirada não só pela comunidade cabo-verdiana de Sines, a jovem autora e guitarrista da ilha do Maio foi uma verdadeira revelação nesta edição do festival.
Também o hip-hop se fez- ouvir nos palcos de Sines. A meio da semana, os moçambicanos do Grupo de Dança Lipelilele, de Pemba, encarregaram-se da animação de rua, no conjunto das iniciativas paralelas do festival. Formado em 2003, o grupo de 20, constituído na versão reduzida por seis elementos, apresentou ritmos tradicionais moçambicanos.
O festival tem como cabeça de cartaz o músico maliano Salif Keita, que atua nas primeiras horas da madrugada deste domingo, no encerramento do certame multicultural.