Alemanha poderá deportar 12 mil nigerianos
16 de janeiro de 2020As autoridades alemãs receberam desde 2016 mais de 38 mil pedidos de asilo de cidadãos nigerianos, mas a maioria foi rejeitada. De acordo com o Governo alemão, há mais de 12 mil nigerianos que já esgotaram todos os recursos legais e devem agora deixar o país, projetando-se assim um aumento significativo das deportações nos próximos tempos.
No entanto, para Ulla Jelpke, deputada do partido da oposição alemão "Die Linke" (A Esquerda), essa seria uma decisão errada. "Se o Governo assume que não há problemas em administrar drogas às pessoas que resistem à deportação e usar algemas nos pés dessas pessoas, então este Governo é simplesmente implacável", afirma.
Denúncias de maus tratos
Jelpke refere-se às denúncias feitas no ano passado por alguns jornais nigerianos e cidadãos deportados, que relataram que foram algemados durante todo o voo de regresso a casa. Outros disseram que foram forçados a tomar medicamentos contra a sua vontade. Contudo, o Governo alemão nega as alegações, tendo sublinhado que não tem conhecimento de violações aos diretos humanos durante o processo de deportação.
Rex Osa, ativista nigeriano para os refugiados, conta à DW que os problemas dos deportados continuam quando chegam ao país de origem: "Ao chegar ao aeroporto, eles são deixados no portão das cargas sem que ninguém se mostre preocupado com a situação. Têm de implorar por telemóveis para ligar aos familiares e amigos. Alguns dormem na rua durante dias a fio até poderem contactar as suas famílias. Sabemos também que as jovens com filhos, mães solteiras, são abandonadas lá com os seus filhos", denuncia o ativista.
Mais depotações na forja
As deportações da Alemanha para a Nigéria aumentaram de 44, em 2016, para 282, entre janeiro e agosto do ano passado. Apesar das reclamações, os observadores não acreditam que o Governo alemão mude de estratégia.
"Diria que não há tantas deportações para a Nigéria como os ministros da Segurança Interna da Alemanha e da União Europeia gostariam", comenta Karl Kopp, do grupo pró-refugiados ProAsyl. "Mas há um medo real de que estas deportações sejam feitas com muito mais rigor do que antes".