Moçambicano usa experiência para apoiar estrangeiros que chegam à Alemanha
17 de abril de 2012Quando o moçambicano Adelino Massuvira João chegou à Alemanha, em 1980, não encontrou quem o orientasse. Inspirado na sua própria experiência, ele transformou a sua vivência em seu trabalho. Atualmente, ele indica o caminho àqueles que, assim como ele há 32 anos, chegaram à terra desconhecida com pouca informação sobre os trâmites legais na Alemanha.
Como pedir asilo político
O moçambicano Adelino Massuvira João é conselheiro para os imigrantes ligados às igrejas evangélicas da região do Henneberger Land, no sul da Turíngia. Todos os dias, ele recebe a visita de imigrantes e exilados em busca de apoio. Massuvira João fornece, por exemplo, informações para quem precisa legalizar a situação na Alemanha.
Entre as funções do moçambicano estão mostrar onde fica a polícia de imigração ou explicar como se emite um pedido de asilo político. "Indico a eles o que devem fazer. Se por acaso o pedido for recusado, é preciso que alguém lhes indique que há a possibilidade de entrarem com um recurso. Quando as coisas ficam difíceis, indico um advogado", explica Massuvira João.
Fazer compras sem dinheiro
Especialmente sensível é a situação dos exilados políticos. Eles possuem um estatuto próprio, que muitas vezes impõe algumas dificuldades. A ajuda financeira, por exemplo, vem em forma de senhas e não em dinheiro.
O moçambicano conta que com estas senhas, o exilado pode fazer compras apenas em lojas especializadas, onde o consumidor não tem acesso a todos os tipos de produto. Somado a isso, o conselheiro explica que, muitas vezes, estas lojas próprias para exilados políticos apresentam preços mais altos que os supermercados comuns.
Na intenção de mudar este quadro, Massuvira João decidiu recorrer à solidariedade da população. "Organizei a troca de senhas por dinheiro", explica. Contactou membros da congregação da qual faz ele parte e ao abrigo do argumento de que as famílias dos exilados têm o direito de decidir onde e o que querem comprar, conseguiu apoio.
Há mais de três décadas
O moçambicano relembra quando chegou à Alemanha. Veio como tradutor, passou por uma formação profissional e a seguir, decidiu estudar pedagogia. Desde 1987, Massuvira João reside na cidade de Suhl.
No início, os tempos foram difíceis, diz. Mas foi a experiência como imigrante moçambicano que deu a Massuvira João os conhecimentos necessários para o trabalho de conselheiro aos imigrantes.
Na opinião dele, as mudanças pelas quais a Alemanha passou no decorrer dos anos se refletiram também na vida dos estrangeiros que decidiram deixar sua terra natal em busca de novas oportunidades neste país europeu. Hoje em dia, ficou muito fácil estudar na Alemanha, comenta o moçambicano.
Autora: Cristiane Vieira (Berlim)
Edição: Bettina Riffel/António Rocha