1. Ir para o conteúdo
  2. Ir para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW
ConflitosMédio Oriente

Agência da ONU pede para "não se virar as costas a Gaza"

Lusa
29 de janeiro de 2024

A Agência da ONU para os Refugiados Palestinianos (UNRWA) pediu hoje "para não se virar as costas a Gaza", na sequência das acusações de participação de 12 membros da organização nos ataques do Hamas em 7 de outubro.

https://p.dw.com/p/4bns0
Sede da Agência da ONU para os Refugiados Palestinianos em Gaza
Foto: picture alliance/dpa/APA/ZUMA Press Wire

"A maioria dos habitantes de Gaza depende da UNRWA para sobreviver", afirmou a Agência da ONU para os Refugiados Palestinianos em comunicado, no qual destacou que 13 mil dos seus funcionários humanitários "trabalham incansavelmente em condições inimagináveis" para entregar ajuda na Faixa de Gaza.

Na nota, a UNRWA lamentou que todos estes funcionários humanitários "devam pagar o preço pelas alegadas ações de 12 dos seus colegas".

Segundo a agência das Nações Unidas, a missão atravessa um "momento crítico" depois de mais de uma dezena de países, incluindo Estados Unidos, Canadá e Itália, França e Alemanha, terem suspendido o financiamento à organização enquanto aguardam mais detalhes sobre a investigação relacionada com esta questão.

Transparência

Nestas circunstâncias, a UNRWA reiterou o seu "firme compromisso com a transparência", mensagem que se soma à sua decisão de rescindir os contratos dos 12 funcionários acusados, ao mesmo tempo que anunciou uma investigação para esclarecer os factos. 

A UNRWA anunciou na sexta-feira a decisão de rescindir os contratos de membros do seu pessoal que alegadamente participaram nos ataques do grupo islamita Hamas contra Israel em 7 de outubro.

O comissário-geral da UNRWA, Philippe Lazzarini, disse em comunicado que tomou "a decisão de rescindir imediatamente os contratos destes funcionários e lançar uma investigação para estabelecer a verdade sem demora", com vista a "proteger a capacidade da agência da ONU de fornecer assistência humanitária" na Faixa de Gaza.

Na mesma nota informativa, Lazzarini observou que esta situação ocorre depois de "as autoridades israelitas fornecerem à organização informações sobre a suposta participação de vários funcionários da UNRWA nos horríveis ataques contra Israel em 7 de outubro".

O comissário-geral da UNRWA, Philippe Lazzarini
Philippe Lazzarini decidiu "lançar uma investigação para estabelecer a verdade sem demora"Foto: Salvatore Di Nolfi/picture alliance/KEYSTONE

Investigações céleres

No mesmo dia, o secretário-geral da ONU, António Guterres, manifestou-se horrorizado com o alegado envolvimento daqueles funcionários nos ataques e pediu uma rápida investigação.

"O secretário-geral foi informado pelo comissário-geral da UNRWA, Philippe Lazzarini, sobre alegações extremamente graves que implicam vários membros do pessoal da UNRWA nos ataques de terror de 7 de outubro em Israel", disse o porta-voz de Guterres em comunicado.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros também apelou no sábado para a adoção de "medidas adequadas" e uma "investigação completa e rigorosa".

"Reconhecendo o trabalho vital da UNRWA, Portugal associa-se à União Europeia e apela à adoção de medidas adequadas e a uma investigação completa e rigorosa", escreveu no X o Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) português.

O mais recente conflito entre Israel e o Hamas foi desencadeado pelo ataque sem precedentes do movimento islamita palestiniano em território israelita, matando cerca de 1.140 pessoas, na maioria civis, e levando mais de 200 reféns, segundo números oficiais de Telavive.

Em retaliação, Israel, que prometeu eliminar o movimento islamita palestiniano considerado terrorista pela União Europeia e Estados Unidos, lançou uma ofensiva em grande escala na Faixa de Gaza, onde, segundo as autoridades locais tuteladas pelo Hamas, já foram mortas mais de 26.000 pessoas.

O conflito provocou também cerca de 1,9 milhões de deslocados (cerca de 85% da população), segundo a ONU, mergulhando o enclave palestiniano sobrepovoado e pobre numa grave crise humanitária.

Faixa de Gaza: Situação humanitária continua a deteriorar-se