Israel não quer agência da ONU para refugiados em Gaza
27 de janeiro de 2024Israel não quer que a agência da ONU para refugiados palestinianos (UNRWA) desempenhe qualquer papel em Gaza, após o fim da guerra, indicou este sábado (27.01) Israel Katz, ministro dos Negócios Estrangeiros, depois de acusações de colaboração no ataque do Hamas.
Num comunicado, citado pela AFP, o governante disse que Israel quer "garantir que a UNRWA não fará parte" da solução para o território palestiniano após a guerra com o Hamas, esperando "parar" todas as atividades da agência.
Hoje, Austrália, Canadá e Itália suspenderam o financiamento à UNRWA, na sequência das acusações de Israel de que funcionários poderiam estar envolvidos no ataque do Hamas de 7 de outubro.
Na sexta-feira, os Estados Unidos anunciaram que iriam "suspender temporariamente" todos os futuros financiamentos à agência da ONU que está no centro da distribuição de ajuda aos civis na Faixa de Gaza, sob fogo dos combates entre Israel e o Hamas.
Investigações internas
A UNRWA já tinha anunciado na sexta-feira que tinha recebido informações de Israel sobre o "alegado envolvimento de vários dos seus funcionários" no ataque.
"A fim de proteger a capacidade da agência de prestar ajuda humanitária, decidi rescindir imediatamente os contratos destes funcionários e abrir um inquérito", declarou o diretor da agência, Philippe Lazzarini, acrescentando que "qualquer funcionário que tenha estado envolvido em atos de terrorismo será responsabilizado, incluindo através de processos judiciais".
Do mesmo modo, o secretário-geral da ONU, António Guterres, garantiu, através do seu porta-voz, que será realizada uma revisão independente urgente e abrangente da UNRWA.
"Ameaças e chantagens"
O Hamas, por seu turno, denunciou este sábado as "ameaças e chantagens" de Israel à ONU, depois de acusações de que funcionários da agência para os refugiados palestinianos teriam estado envolvidos no ataque de 7 de outubro em Israel.
"Apelamos às Nações Unidas e às organizações internacionais para que não cedam às ameaças e chantagens de Israel", acrescentou o movimento islamita palestiniano num comunicado, onde também nega que o pessoal da ONU tenha colaborado com as suas milícias no ataque de 7 de outubro.
A Autoridade Nacional Palestiniana (ANP) criticou a suspensão dos apoios à Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina, antes de uma investigação sobre a alegada cooperação com o movimento extremista Hamas.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros palestiniano considera que a UNRWA é fundamental para a sobrevivência de muitos habitantes de Gaza e, antes de mais, é necessário avaliar se as acusações de conluio feitas por Israel se confirmam.