1. Ir para o conteúdo
  2. Ir para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Abyei, no Sudão, e Líbia em destaque na imprensa alemã

24 de junho de 2011

"Tageszeitung" critica passividade da ONU perante ataques à região de Abyei, entre o Norte e o Sul do Sudão. IEA recorre a reservas de petróleo devido à guerra na Líbia, medida criticada pelo "Financial Times".

https://p.dw.com/p/RVgs
Mais de cem mil pessoas terão fugido dos ataques contra Abyei nas últimas semanas
Mais de cem mil pessoas terão fugido dos ataques contra Abyei nas últimas semanasFoto: AP

O acordo assinado entre o Norte e o Sul do Sudão sobre as medidas de transição para a administração e segurança da região de Abyei preencheu algumas páginas de jornais alemães ao longo dos últimos dias.

O Tageszeitung, por exemplo, escreveu que, "a partir de 9 de julho, dia em que o Sul do Sudão pretende declarar-se independente do Norte, a disputa sobre esta região passará a ser um conflito internacional". O acordo de segunda-feira (20/6), que prevê a desmilitarização da área e a entrada de forças de paz da Etiópia, levou portanto, como continuou o diário, ao alívio da comunidade internacional. Foi um primeiro passo importante para a resolução do conflito, escreveu também o jornal.

O Tageszeitung lembrou ainda, num comentário, que 3 anos depois de o exército do Sudão, SAF, ter invadido esta região, situada entre Norte e Sul do Sudão, e 3 anos depois de os capacetes azuis da ONU terem permitido os ataques a Abyei, em Maio de 2011, o Norte voltou à carga, a ONU voltou a permitir os ataques e dezenas de milhares de pessoas voltaram a fugir. A solução da disputa é, de acordo com o Tageszeitung, "uma questão de prestígio entre Norte e Sul".

O papel das Nações Unidas, nomeadamente da sua missão no Sudão, UNMIS, foi alvo de grandes críticas no comentário do jornal: "desde que o exército do Sudão invadiu e pilhou Abyei em 2008, foram discutidos relatórios, projetos e programas em conferências que pretendiam pôr fim ao conflito", pôde ler-se no jornal. "Milhões foram gastos em viaturas, hotéis, almoços e voos. E a 19 de Maio passado, tudo se desfez, quando Abyei voltou a ser bombardeada."

E, continua o comentário mais à frente, "diplomatas e funcionários da ONU asseguram que estão muito preocupados com a situação no Sudão, enquanto bebem vinho tinto contrabandeado. E as 20 mil crianças que fugiram de Abyei bebem água contaminada e dormem à chuva."

"Agora ninguém pergunta à população que fugiu como é que ela mesma deseja ver o seu futuro. Deveria ser este o ponto de partida para a solução pacífica," resumiu o Tageszeitung.

Líbia e o petróleo, o mercado internacional e a IEA

IEA criticada por recorrer a reservas de petróleo. Na imagem: um tanque de petróleo no porto da cidade de Hamburgo, norte da Alemanha
IEA criticada por recorrer a reservas de petróleo. Na imagem: um tanque de petróleo no porto da cidade de Hamburgo, norte da AlemanhaFoto: picture alliance/dpa

Também a Líbia continua a ser tema na imprensa alemã. Enquanto no país os órgaos de comunicação estatais apelam à população para que passe a utilizar meios de transporte coletivos como os autocarros em vez de viaturas privadas devido à falta de combustível, jornais alemães citam o anúncio da Agência Internacional de Energia, na sigla em inglês, IEA, de que irá recorrer às suas reservas de petróleo para diminuir o impacto causado pela interrupção do fornecimento da Líbia.

A edição online da revista Focus recordou ontem (23/6) que "esta será apenas a terceira vez desde a sua criação que a Agência Internacional de Energia abre as suas reservas". Agora deverá pôr 60 milhões de barris no mercado, segundo a Focus. Porque, "só até final de maio, a guerra no país impediu a produção de 132 milhões de barris de petróleo", continuou a revista.

Já a versão alemã do jornal económico Financial Times critica a decisão da IEA: "A curto prazo, a medida faz cair os preços, mas trata-se de uma decisão sem sentido. Primeiro, porque a quantidade que será disponibilizada não trará alívio de facto ao mercado", já que "os 60 milhões de barris equivalem a menos de um dia de abastecimento a nível mundial." Depois, "porque se trata de uma medida de curto prazo. E por último, porque o abastecimento de petróleo não está mais ameaçado agora do que, pelo menos, há meio ano atrás".

Autora: Marta Barroso

Edição: Renate Krieger