Abdel Rahim al-Kib é o novo primeiro-ministro interino da Líbia
1 de novembro de 2011O novo primeiro-ministro líbio tem até o dia 23 de novembro para formar um governo interino que, paralelamente ao CNT, vai governar a Líbia por oito meses, depois dos quais devem ocorrer eleições para a assembleia constituinte, que redigirá a nova Constituição da Líbia. No prazo de um ano, os líbios voltarão às urnas para eleições parlamentares e presidenciais.
Em sua primeira conferência de imprensa, nesta segunda-feira (31/10), Abdel Rahim al-Kib prestou homenagem aos combatentes que lutaram pela deposição do regime de Mouammar Kadhafi e declarou que pretende "construir um país que respeite os direitos humanos".
O novo dirigente é professor universitário, especializado em Engenharia Eletrônica. Nasceu em Trípoli e diplomou-se na universidade da capital da Líbia. A maior parte de sua carreira, entretanto, ele fez no exterior, onde atuou durante décadas na oposição a Mouammar Kadhafi, até juntar-se à revolução que depôs o ex-líder líbio.
A eleição do novo primeiro-ministro do governo provisório da Líbia aconteceu na noite em que a Organização do Tratado Atlântico Norte (Nato) pôs fim à missão no país. Durante sete meses, a aliança internacional apoiou os combatentes do Conselho Nacional de Transição na guerra civil que derrubou o regime de Kadhafi. Ao longo da intervenção, aviões e navios da Nato alvejaram as forças armadas leais ao Coronel e destruíram quase 6 mil alvos militares.
O secretário-geral da Nato, Anders Fogh Rasmussen, foi a Trípoli para saudar o fim da missão e a eleição do novo primeiro-ministro interino. "À meia-noite, um capítulo bem sucedido da história da Nato chega ao fim. Mas vocês já começaram a escrever um novo capítulo da história da Líbia: uma nova Líbia construída com base em liberdade, democracia, direitos humanos, Estado de Direito e reconciliação. Sabemos que não é fácil. Nós conhecemos os desafios, e se vocês precisarem de ajuda em áreas em que possamos ajudar, vamos ajudar."
Preocupação com desarmamento
Além de Rasmussen, o presidente do Parlamento Europeu, Jerzy Buzek, também foi a Trípoli no fim de semana. Buzek esteve com populares na Praça dos Mártires, que foi palco dos protestos contra Kadhafi, e encontrou-se com o presidente do Conselho Nacional de Transição, Mustafa Abdel Jalil. O presidente do parlamento Europeu apelou ao respeito dos direitos humanos na Líbia e prometeu cooperação equilibrada com a Europa.
“O destino dos prisioneiros de guerra tem que estar de acordo com a lei internacional. E outra questão é como desarmar milhares de pessoas”, disse Buzek, ao expressar suas preocupações em relação ao futuro da Líbia.
O Conselho de Segurança das Nações Unidas pediu nesta segunda-feira às novas autoridades da Líbia maior esforço no combate ao tráfico de armas. Autoridades norte-americanas alertam que terroristas estariam interessados nos cerca de 20.000 lança-mísseis portáteis do arsenal do antigo regime. A resolução aprovada por unanimidade no Conselho de Segurança cita que a disseminação desse tipo de arma pode "alimentar atividades terroristas, incluindo as da Al-Qaeda no Magrebe".
Volta à normalidade
A companhia aérea comercial Alitalia informou que vai retomar os voos para a Líbia a partir desta quarta-feira. Serão quatro voos por semana com destino a Trípoli e, segundo informações da própria empresa, o primeiro voo já está lotado. A companhia Turkish Airlines já voa há algum tempo para o aeroporto militar da capital líbia, mas a Alitalia será a primeira a utilizar o aeroporto principal de Trípoli.
A indústria petrolífera também retomou a produção. A estatal National Oil Corp anunciou que a produção de petróleo na Líbia atingiu os 530 mil barris por dia, e com isso excedeu as expectativas de recuperação da principal atividade industrial do país. O ministro interino do Petróleo, Ali Tarhuni, disse no mês passado que Trípoli espera retomar em 2012 o ritmo de produção de antes do conflito, que era de 1,7 milhões de barris por dia.
Autora: Glória Sousa
Edição: Francis França / Marcio Pessôa