Karmann encerra atividades
23 de junho de 2009O último veículo deixou a linha de produção da tradicional montadora alemã Karmann nesta segunda-feira (22/06). Precisamente às 11h35 do horário alemão, um Mercedes CLK 200 Kompressor conversível marcou o fim das atividades da empresa, que atuou no setor por mais de cem anos.
"Foi uma situação amarga, cheia de tristeza e melancolia", lamentou o presidente do Conselho de Empresa, Wolfram Smolinski. "Mas o fim da produção de veículos era inevitável, já que a estratégia de produção dos fabricantes de automóveis mudou", explicou o administrador de insolvência Ottmar Hermann.
Desde 1949, a Karmann já fabricou mais de 3,3 milhões de automóveis, entre eles modelos lendários, como a versão conversível do Fusca, o Karmann Ghia e o Volkswagen Scirocco.
De carroças a carrocerias
Em 1º de agosto de 1901, Wilhelm Karmann fundou uma fábrica de carruagens. No ano seguinte, montou sua primeira carroceria de automóvel para a Dürkopp, de Bielefeld. Nos anos 1920, passou a fornecer carrocerias para inúmeras montadoras de veículos alemãs e estrangeiras, como Citroen, Chrysler, Mercedes e Opel, tendo introduzido desde cedo o modelo americano de fabricação em série.
Depois da Segunda Guerra Mundial, os primeiros carros a deixarem a fábrica foram Fuscas conversíveis, dos quais foram produzidas mais de 330 mil unidades até 1980. Mas o que rendeu reputação internacional à empresa foi um modelo esportivo baseado na Volkswagen e desenvolvido em parceria com a italiana Ghia.
O protótipo do Karmann Ghia, um coupé de dois lugares, foi apresentado em 1953, mas o modelo só passou a ser fabricado em série dois anos mais tarde, em 1955. A versão conversível surgiu em 1957. Até o modelo sair de linha em 1974, foram fabricadas mais de 360 mil unidades.
Mais tarde, outro modelo de sucesso foi o Volkswagen Scirocco, do qual foram produzidas pela Karmann 800 mil unidades. O carro era tido como uma versão esportiva do Golf. Em 1975, a Karmann também assumiu por dois anos a fabricação em série do BMW 635 CSi. Depois, passou a fornecer apenas a carroceria à montadora bávara até 1989.
Sucesso a céu aberto
Nas últimas décadas, a Karmann fabricou conversíveis também para Ford, Audi, Porsche e Mercedes. Em 1978, foi encarregada de fabricar a versão conversível do Golf, da Volkswagen, que nos anos seguintes se tornou o modelo aberto mais vendido do mundo, até que a parceira de longa data assumiu ela mesma a produção.
Ainda em 2004, a Karmann chegou a fabricar 80 mil conversíveis para Audi, Mercedes e Chrysler. Mas, a partir de 2006, a redução nas encomendas colocou a empresa numa situação difícil. A Karmann demitiu 633 empregados no começo e outros 140 no final do ano. Em outubro de 2007, a empresa anunciou a demissão de 1.770 funcionários dos 7 mil que mantinha internacionalmente.
Em setembro de 2008, a Karmann decidiu que interromperia por completo a fabricação de veículos no ano seguinte e que eliminaria mais 1.725 postos de trabalho, assim que fosse suspensa a produção dos modelos Audi A4 conversível e Mercedes CLK.
Em 8 de abril último, a Karmann apresentou pedido de insolvência.
RR/dpa/ap
Revisão: Roselaine Wandscheer