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Órgão dos EUA avalia que covid vazou de laboratório, diz WSJ

27 de fevereiro de 2023

Departamento de Energia dos EUA afirma que hipótese de vazamento na China é a mais provável, embora não haja consenso entre agências americanas. Pequim critica "politização" do rastreamento da origem da doença.

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Trabalhadoras em trajes de proteção em labóratório chinês de pesquisas sobre a covid-19 na cidade de Wuhan.
China diz que "vazamento de laboratório não foi considerado possível em conclusões científicas oficiais determinadas por especialistas chineses e da OMS".Foto: Johannes Eisele/AFP/Getty Images

Uma reportagem publicada neste domingo (26/02) no jornal americano The Wall Street Journal afirma que o Departamento de Energia dos Estados Unidos concluiu que a explicação mais provável para o início da pandemia de covid-19 é que ela teria surgido de um vazamento de um laboratório na China. 

A reportagem do WSJ se baseia em um relatório confidencial da diretora nacional de Inteligência, Avril Haines, ao qual o jornal teve acesso, que teria sido fornecido à Casa Branca por membros do Congresso.

A Casa Branca, no entanto, informou que as agências de inteligência americanas ainda estão divididas sobre a origem da pandemia.

Pessoas que tiveram acesso ao relatório foram mencionadas pelo WSJ e pelo jornal The New York Times, afirmando que a conclusão do Departamento de Energia é de nível baixo de confiança, destacando como as agências do governo possuem visões diferentes sobre a origem da doença que se espalhou pelo mundo em 2020.

Ainda assim, as conclusões, que seriam provenientes de novas informações de inteligência, são significativas. O Departamento de Energia possui ampla expertise científica e supervisiona uma rede nacional de laboratórios, inclusive alguns que realizam pesquisas biológicas avançadas.

Com o relatório, o órgão se junta ao FBI na crença de que a pandemia que matou quase sete milhões de pessoas ao redor do globo resultou de uma falha ocorrida em um laboratório chinês. A Polícia Federal americana chegou a esta conclusão com "confiança moderada" em 2021, e ainda a sustenta.

O FBI reúne um quadro de microbiologistas, imunologistas e outros cientistas e é apoiado pelo Centro Nacional de Análises Bioforenses, criado em 2004 para analisar ameaças biológicas, como a bactéria anthrax.

Falta de consenso

Segundo o WSJ, o relatório marca uma mudança no posicionamento do Departamento de Energia, que era tido como indeciso sobre a questão. As autoridades americanas não forneceram maiores detalhes sobre as conclusões de inteligência que levaram à mudança de posicionamento, mas afirmam que a pasta e o FBI chegaram à mesma conclusão por meio de análises diferentes.

O Conselho Nacional de Inteligência dos EUA, que conduz análises estratégicas de longo prazo, e outras quatro agências americanas acreditam que o coronavírus teria surgido por meio de transmissões naturais, enquanto as demais autarquias, entre elas a CIA, permanecem indecisas sobre a questão.

O novo relatório sublinha que as autoridades de inteligência ainda coletam as informações sobre a origem da covid-19, que matou mais de um milhão de americanos desde o início da pandemia.

O assessor de Segurança Nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, confirmou que ainda existe uma "variedade de opiniões" sobre o tema. "Neste momento, não há uma resposta definitiva da comunidade de inteligência", disse.

China critica "politização" do tema

O Ministério das Relações Exteriores chinês reagiu nesta segunda-feira, pedindo que os envolvidos "parem de levantar alegações sobre vazamentos em laboratórios, de sujar a imagem da China e de politizar a questão do rastreamento da origem".

"Um vazamento de laboratório não foi considerado possível por conclusões científicas oficiais determinadas por especialistas chineses e da Organização Mundial da Saúde (OMS)", disse o porta-voz da pasta, Mao Ning.

Em meados de fevereiro, a OMS prometeu fazer todo o possível para obter as respostas sobre a origem da covid-19 e desmentiu relatos de que a entidade teria abandonado as investigações. A comunidade científica internacional avalia como crucial determinar a origem do coronavírus, de modo a melhor combater ou até mesmo evitar a próxima pandemia.

O coronavírus foi detectado inicialmente na cidade chinesa de Wuhan, em novembro de 2019. Alguns cientistas acreditam que a doença tenha surgido da transmissão de animais para humanos, assim como já ocorreu no surgimento de outros patógenos.

Entretanto, nenhuma fonte animal da doença foi identificada até o momento. Além disso, o fato de Wuhan ter se tornado o centro de extensivas pesquisas chinesas sobre o coronavírus levou alguns cientistas e autoridades americanas a concluírem que a hipótese de um vazamento em laboratório seria a melhor explicação para a origem da pandemia.

rc/bl (AFP, ots)