Refugiados
28 de fevereiro de 2011
Organizações de ajuda humanitária conclamam as autoridades europeias a garantia de maior proteção àqueles que tentam a todo custo escapar da Líbia. "Os refugiados não podem ser rechaçados", afirmam representantes de diversas organizações, ao criticarem diretamente a postura hesitante da União Europeia frente à possibilidade de acolhida daqueles que chegam à ilha de Lampedusa, no sul da Itália.
Responsabilidade de toda a UE
Para os defensores dos direitos humanos, a responsabilidade pelo problema não está somente nas mãos da Itália, mas de todos os países da União Europeia (UE). '"Toda a Europa deveria demonstrar solidariedade para com os refugiados", defende, entre outros, a organização não governamental Pão para o Mundo, para quem a divisão de responsabilidades em questões de concessão ou não de asilo, dentro da UE, deveria ser urgentemente modificada. Outra reivindicação é a ajuda financeira ao Egito e à Tunísia, países vizinhos à Líbia e para onde está fugindo o maior número de refugiados.
O nível de violência na Líbia, estampado na mídia internacional, não deixa dúvidas a respeito da fuga das pessoas da violência. Sendo assim, os imigrantes que deixam o país possuem o direito, baseado na proteção dos direitos humanos, de requerer asilo político em outros países, como é o que acontece em regiões de crise como Somália, Sudão e Eritreia.
Esses refugiados foram, no passado, impedidos pelo regime de Kadafi, com o aval da UE, de seguir viagem rumo à Europa, tendo sido consequentemente detidos em acampamentos, denuncia a organização humanitária.
Nova política
A ex-ministra alemã da Ajuda ao Desenvolvimento, Heidemarie Wieczorek-Zeul, defendeu em Berlim a implementação de uma nova política da UE para refugiados. Segundo ela, a UE levou a cabo uma "camaradagem insuportável" com a Líbia, a fim de manter os refugiados africanos em acampamentos líbios, impedindo-os de chegar à Europa. De acordo com a ex-ministra, é preciso combater as razões pelas quais as pessoas fogem de seus países de origem e não os próprios refugiados.
O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados divulgou em Genebra que, na última semana, quase 100 mil pessoas fugiram da Líbia devido aos distúrbios no país. A maioria destes se refugiou nos vizinhos Egito e Tunísia. No último sábado (26/02), o governo da Tunísia declarou que 40 mil pessoas haviam atravessado as fronteiras do país desde 20 de fevereiro último.
Nesta madrugada, foi registrada a passagem de mais 10 mil pessoas na fronteira entre Tunísia e Líbia, segundo o Alto Comissariado. Destes 50 mil cidadãos que procuram abrigo na Tunísia, 18 mil são originários do próprio país, 15 mil são egípcios, 2500, líbios, e 2 mil, chineses.
O primeiro-ministro da Ilha de Malta, Lawrence Gonzi, afirmou que o país recebeu aproximadamente 8 mil pessoas desde o início da crise na Líbia. Gonzi teme um êxodo maior ainda. "Abrigamos 8 mil pessoas de 89 nacionalidades. Se a situação continuar a escalar, vamos precisar da ajuda da Europa para dividir o peso com nossos parceiros europeus", completou o primeiro-ministro.
A Líbia, um dos maiores produtores de petróleo da África, possui em seu território um grande contingente de trabalhadores estrangeiros, tanto na construção civil quanto em trabalhos domésticos.
Pequim afirmou nesta segunda-feira (28/02) ter evacuado 29 mil trabalhadores chineses da Líbia. Segundo o ministro chinês do Exterior, 2500 chineses já voltaram ao país, enquanto 23 mil ainda se encontram a caminho, tendo sido enviados inicialmente até a Grécia, Malta, Tunísia, Sudão e Emirados Árabes, onde aguardam vôos de volta para casa.
SV/rtr/dpa/epd
Revisão: Roselaine Wandscheer