Zeitgeist: As fanfarrices de Duterte
31 de outubro de 2016Rodrigo Duterte foi eleito presidente das Filipinas em maio de 2016, com quase o dobro de votos do segundo colocado. Em poucos meses, as polêmicas envolvendo o político já são tantas que nada mais surpreende.
Duterte é o primeiro cidadão natural da ilha de Mindanao, no sul do país, a ocupar o cargo. Ele se tornou nacionalmente conhecido como prefeito de Davao City, metrópole de 1,6 milhão de habitantes que é a maior cidade de Mindanao. Ele governou Davao por sete mandatos, ou 22 anos.
Ele se vangloria de seguir uma política de tolerância zero com o crime e os criminosos e afirma que assim reduziu drasticamente a criminalidade da cidade. Ao mesmo tempo, foi acusado de ter ligações com assassinatos extrajudiciais cometidos por esquadrões da morte. Testemunhas afirmam que ele próprio matou pessoas.
Duterte deu declarações contraditórias sobre a sua participação nesses esquadrões da morte, em um momento afirmando que sim e, mais tarde, desmentindo suas declarações.
A ONG humanitária Human Rights Watch aponta que mais de mil pessoas morreram em Davao durante o governo dele.
Duterte venceu a eleição presidencial prometendo matar dezenas de milhares de narcotraficantes. Logo depois que assumiu o mandato, iniciou uma violenta campanha antidrogas, convocando os cidadãos e a polícia a matarem traficantes e usuários. Mais de 2 mil pessoas já foram mortas desde então.
Na campanha eleitoral de 2016, foi divulgado um vídeo em que Duterte faz piada com o estupro e assassinato de uma missionária australiana, em 1989, em Davao City, durante um motim com reféns num presídio. "Fiquei furioso por ela ter sido estuprada, isso é uma coisa. Mas ela era tão bonita, acho que o prefeito deveria ter sido o primeiro. Que desperdício”, disse no vídeo.
Depois de eleito presidente, Duterte começou a ganhar visibilidade internacional por causa do frequente uso de palavrões para se referir a personalidades mundiais. Ele chamou Barack Obama de "filho da puta” depois de o presidente dos Estados Unidos criticar as mortes extrajudiciais de traficantes e usuários de drogas nas Filipinas.
O palavrão já havia sido direcionado antes ao papa Francisco, quando Duterte, ainda candidato à presidência, comentava os engarrafamentos causados pela visita papal a Manila, em janeiro de 2015.
Na semana passada, ele disse que vai parar de falar palavrões para cumprir uma promessa que fez a Deus.
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