Contra estrangeiros
21 de julho de 2009Cerca de 40% da população dos estados alemães que pertenciam à antiga Alemanha Oriental são xenófobos, consta de um estudo divulgado nesta segunda-feira (20/07) em Berlim. Segundo Gunnar Winkler, presidente da organização Volkssolidarität, que encomendou a pesquisa, uma das causas possíveis é o fato de as pessoas na República Democrática Alemã (RDA) "não terem conhecido o convívio com estrangeiros", adotando clichês xenófobos.
A pedido da Volkssolidarität, o Centro de Pesquisa em Ciências Sociais Berlim-Brandemburgo entrevistou cerca de 1.900 alemães dos estados que passaram a integrar a República Federal da Alemanha após a reunificação do país em 1990 – inclusive Berlim Oriental.
Volta da RDA?
Vinte anos após a queda do Muro de Berlim, o sentimento dos "novos alemães" com relação ao país é misto: enquanto 38% se consideram os ganhadores da História, 23% se veem como perdedores e outros 30% reconhecem vantagens e desvantagens.
Apenas 19% acreditam não haver nenhuma ou pouca diferença entre o leste e o oeste do país, ao passo que 53% veem diferenças grandes, que só poderão ser superadas em décadas.
Dez por cento dos entrevistados disseram querer a volta da Alemanha comunista. Entre cidadãos desempregados, esse índice chega a 26%, entre a população com condições trabalhistas precárias, a 24%. Apenas um quarto dos entrevistados se sente como "cidadãos de verdade".
Crise da democracia?
Embora a democracia em si possua um alto ou muito alto valor para 67% dos entrevistados, apenas 11% estão satisfeitos com a forma como ela vem sendo executada. Também é baixa a parcela dos que estão satisfeitos com a influência política que possuem (7%).
Segundo Winkler, o estudo mostra que a confiança nos políticos foi quase completamente perdida nos últimos 20 anos. Por mais que o ano de 1989 seja considerado um "momento glorioso" da democracia, com grande participação popular, a discrepância entre as pretensões e a realidade da democracia aumenta cada vez mais no leste da Alemanha.
RR/afp/epd/kna
Revisão: Augusto Valente