Whatsapp agirá contra boatos após linchamentos na Índia
4 de julho de 2018Os administradores do aplicativo Whatsapp se disseram "horrorizados" com uma série de linchamentos ocorridos na Índia após falsos rumores serem compartilhados através da plataforma de mensagens e anunciaram medidas para combater a prática.
Segundo a imprensa local, mais de 20 pessoas foram mortas na Índia nos últimos dois meses, após boatos espalhados sobre supostos sequestradores de crianças, ladrões e predadores sexuais. Os ataque ocorreram em ao menos 11 estados do país e também deixaram dezenas de feridos.
No último domingo, cinco homens foram linchados até a morte por uma multidão no estado de Maharashtra. Segundo a polícia local, a agressão ocorreu em razão de rumores de que havia um grupo de sequestradores de crianças na cidade.
Na semana passada, três pessoas foram linchadas até a morte no estado de Tripura, inclusive uma das autoridades encarregadas de alertar o público contra as mensagens falsas.
Segundo a imprensa indiana, outros linchamentos ocorreram recentemente no estado de Tâmil Nadu, onde morreram duas pessoas, em Assam, com a morte de uma mulher, e ao menos quatro pessoas foram mortas nos estados de Andra Pradesh e Telangana no mês de maio.
Os ataques fizeram com que as autoridades do país se mobilizassem para preparar uma reação efetiva a esses crimes, já que as campanhas de conscientização e os alertas públicos tiveram efeito limitado.
Uma declaração do Ministério indiano de Eletrônica e Tecnologia da Informação expressou uma "profunda reprovação" aos administradores do Whatsapp pela divulgação de "mensagens irresponsáveis e explosivas".
"Manifestamos ao Whatsapp uma profunda inconformidade com estes eventos e aconselhamos que é preciso tomar as medidas corretivas necessárias para evitar a proliferação destas mensagens falsas", afirmou o Ministério, ressaltando que a empresa não pode se esquivar de sua "responsabilidade". Segundo o órgão, pessoas inocentes são alvos de linchamentos devido à circulação dos falsos rumores.
O órgão afirma que o governo indiano exigiu "ações imediatas" do aplicativo para pôr fim a esses crimes. "O abuso de plataformas como o Whatsapp através da repetida circulação de conteúdos provocativos é causa de grande preocupação", diz a nota.
A plataforma afirmou que está trabalhando com pesquisadores indianos para compreender melhor o problema e que já introduziu mudanças no aplicativo para reduzir a divulgação de mensagens indesejadas.
Além disso, o Whatsapp disse que lançará ferramentas para ajudar os usuários a diferenciar mensagens que foram encaminhadas das que foram escritas por pessoas conhecidas.
Com 200 milhões de usuários, a Índia é o maior mercado para o Whatsapp. Devido á importância do país para a empresa controlada pelo Facebook, o aplicativo fará uma campanha para aumentar a conscientização sobre o problema.
"Acreditamos que as notícias falsas, a desinformação e a disseminação de boatos são temas que podem ser melhor trabalhados coletivamente pelo governo, sociedade civil e empresas de tecnologia", disseram os administradores do aplicativo. "Com as ações corretas, poderemos aumentar a segurança de todos."
RC/afp/efe/ap
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