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PolíticaÍndia

Vídeo de mulheres despidas e atacadas gera revolta na Índia

21 de julho de 2023

Arrastadas por dezenas de homens em Manipur, elas teriam sido estupradas pelo grupo. Caso aconteceu em maio e teria sido denunciado, mas veio à tona só agora. Região vive há semanas conflitos étnicos violentos.

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Mulheres sentadas no chão segurando tochas e bandeiras da Índia e das Nações Unidas durante protesto pelo fim da violência na região de Manipur, no nordeste da Índia.
Mulheres em Imphal, no estado de Manipur, nordeste da Índia, participam de protesto pelo fim da violência na região, que sofre desde maio com conflitos étnicos. Foto: -/AFP

Um vídeo que mostra duas mulheres nuas sendo agredidas e arrastadas por uma multidão de homens em Manipur, estado no extremo nordeste da Índiana fronteira com Mianmar e que está mergulhado desde o início de maio em violentos conflitos étnicos, gerou revolta no país.

Nas imagens, que circulam desde quarta-feira (19/07) nas redes sociais, as mulheres choram e imploram aos agressores por compaixão antes de serem empurradas até um descampado, onde ao menos uma delas teria sido estuprada pela horda.

O episódio aconteceu em 4 de maio, mas só veio à tona só agora após o registro viralizar nas redes sociais – a região está oficialmente sem acesso à internet. Familiares das vítimas, contudo, alegam ter denunciado o caso às autoridades ainda em maio, e acusam a polícia local de omissão. Eles relatam que sua aldeia, habitada por membros da etnia Kuki-Zo, foi invadida e incendiada por um grupo de homens da etnia Meitei. Dois de seus parentes, pai e irmão de uma das vítimas, teriam sido espancados até a morte, e a polícia não teria agido para evitar as cenas de violência.

O ataque teria sido motivado por notícias falsas sobre o estupro de uma mulher Meitei por um Kuki-Zo, e foi cometido na esteira de uma série de animosidades entre os dois grupos que já deixou um saldo de ao menos 140 mortos e 60.000 desalojados desde o início de maio.

Por que há conflitos étnicos na região?

Os conflitos teriam começado após os Kukis, de maioria cristã, protestarem contra a concessão de direitos especiais aos Meitei, de maioria hindu – estes são maioria na região, tanto em termos populacionais quanto políticos –, como cotas para acesso a escolas e cargos públicos. Apesar das diferenças religiosas, porém, o conflito teria mais viés étnico.

Ainda segundo relatos, outras duas mulheres Kuki-Zo teriam sido violentadas e mortas por um grupo de ao menos seis homens Meitei no dia seguinte, em 5 de maio.

Modi: "Nenhum culpado será poupado"

Criticado por não ter falado sobre o episódio até o assunto chegar ao noticiário – o estado de Manipur é governado por um correligionário de Modi que pertence à etnia Meitei –, o primeiro-ministro indiano Narendra Modi se pronunciou nesta quinta-feira prometendo que os responsáveis serão levados à Justiça e que "nenhum culpado será poupado".

"O que aconteceu com as filhas de Manipur não pode ser perdoado jamais", declarou Modi durante sessão do Parlamento, referindo-se ao caso como vergonha para o país.

Também nesta quinta, a polícia anunciou a abertura de uma investigação e a prisão de quatro suspeitos.

Parlamento Europeu pediu fim da violência em Manipur e foi criticado pela Índia

Na semana passada, o Parlamento Europeu aprovou uma resolução conclamando as autoridades indianas a dar um fim à violência em Manipur e proteger minorias religiosas, principalmente cristãos. O Ministério das Relações Externas indiano reagiu criticando a resolução e taxando-a de "interferência" em assuntos domésticos.

ra (AP, Reuters, ots)