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Anistia: Violência policial pré-Copa se repete na Rio 2016

2 de junho de 2016

A dois meses do início dos Jogos Olímpicos, ONG alerta para o aumento da violência policial e das violações dos direitos humanos, da mesma forma como ocorreu antes do Mundial: "Temos uma receita para o desastre.”

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Confronto policial no Rio de Janeiro: em torno de 2,5 mil pessoas foram mortas pela polícia desde 2009 na cidade
Confronto policial no Rio de Janeiro: em torno de 2,5 mil pessoas foram mortas pela polícia desde 2009 na cidadeFoto: Getty Images/AFP/Y. Chiba

A dois meses do início dos Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro, a ONG Anistia Internacional (AI) divulgou nesta quinta-feira (02/06) um relatório denunciando a violência policial e violações dos direitos humanos por parte das forças policiais.

Apesar das promessas de melhoras nas condições de segurança na cidade, em torno de 2,5 mil pessoas foram mortas pela polícia desde 2009, quando o Rio foi escolhido pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) como sede dos Jogos de 2016.

Segundo a AI, nos meses que antecedem as Olimpíadas, as violações das liberdades fundamentais e o uso excessivo da força por parte dos policiais aumentam, da mesma forma como ocorreu antes do início da Copa do Mundo em 2014.

"O Brasil parece ter aprendido muito pouco com erros que cometeu quando se trata de segurança”, critica Átila Roque, diretor da Anistia Internacional no Brasil. “A tática de 'atirar primeiro e perguntar depois' acaba por colocar o Rio entre as cidades onde a polícia mais mata no planeta”, destaca.

“Quando juntamos políticas de segurança pública historicamente falhas, aumento de abusos documentados durante grandes eventos esportivos e falta de investigações conclusivas sobre violações de direitos humanos, temos uma receita para o desastre”, conclui Roque.

Em 2014, os homicídios decorrentes de intervenção policial aumentaram 40% – e, no ano seguinte, mais 11% com um total de 645 pessoas mortas pela polícia no estado do Rio de Janeiro. Em 2015, um em cada cinco homicídios na capital foi cometido por policiais em serviço.

"Desde o início deste ano, mais de 100 pessoas já foram mortas pela polícia na cidade. A grande maioria das vítimas em operações policiais é de jovens negros que viviam em favelas e periferias", diz o texto.

Os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, com início marcado para o dia 5 de agosto, ocorrem em meio a uma grave crise política e econômica no país, que mina o entusiasmo da população em relação ao evento.

O surto do vírus zika no Brasil gerou um debate internacional sobre possíveis danos à saúde de atletas e turistas. Apesar das restrições orçamentárias e de algumas infraestruturas ainda inacabadas, as autoridades locais prometem uma organização dentro do cronograma.

RC/edp/afp