Vida única na costa amazônica
Costa do Amapá guarda tesouros da natureza, mas está ameaçada por exploração de petróleo.
Ilha das onças
Estima-se que 50 onças pintadas vivam na Estação Ecológica Maracá-Jipioca, na costa do Amapá. A ilha tem 597 km² e se transformou numa unidade de conservação em 1981. O felino se adaptou às condições locais e até pesca para se alimentar.
Possível berçário?
Separada do continente há cerca de 2 mil anos por ação da erosão, a ilha de Maracá pode ser um berçário de onças pintadas. A hipótese do pesquisador Herbert Oliveira, da Universidade Estadual do Amapá, é que os machos nadem até o continente em busca de espaço, já que o território na ilha é limitado.
Proteger para conservar
Antes de virar uma unidade de proteção integral, a Estação Ecológica Maracá-Jipioca teve moradores que criavam gado. Búfalos também foram levados para a ilha por pecuaristas e permanecem até hoje no espaço. O monitoramento é feito pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), que lida constantemente com pescadores ilegais na área.
Macromaré
A costa do Amapá é uma das regiões do país que registram macromarés. Segundo pesquisadores, a variação pode chegar a 12 metros, duas vezes ao dia, o que limita o tráfego de embarcações em alguns pontos. Influenciada pela Foz do Amazonas, a região sofre um processo erosivo intenso. Isso fez com que, em 2006, a ilha de Jipioca, que dá nome à unidade de conservação, desaparecesse debaixo d’água.
Maior manguezal do mundo
A costa amazônica, do Maranhão ao Pará, tem o maior manguezal contínuo do mundo. São como florestas de mangue, recortadas por rios e canais que servem de refúgio para diversas espécies. Os mangues são inundados pelo sedimento lamacento e salino dispersado pelo rio Amazonas, sobrevivem à salinidade e a variação das marés.
Iguaria
Chamada popularmente de "grude", a bexiga natatória de peixes amazônicos é item de exportação. O órgão, que dá a sustentação necessária para os peixes flutuarem, é uma iguaria em países asiáticos como a China. Depois de retirada, a "grude" fica exposta ao sol para secar e é vendida atualmente por R$ 100 o quilo.
Pouca infraestrutura
O pequeno porto da cidade de Amapá, no norte do estado de Amapá, é o acesso mais próximo do continente à ilha de Maracá. A cidade, a 312 quilômetros da capital Macapá, tem cerca de 8 mil habitantes. A pesca é uma atividade econômica na região, com cerca de 15 mil pescadores filiados ao órgão competente no estado.
Não ao petróleo
Luene Karipuna, jovem comunicadora do povo Karipuna, diz que os povos indígenas que moram em Oiapoque não foram consultados sobre a possibilidade de a indústria do petróleo se instalar na costa amazônica. As terras indígenas daquela região estão a cerca de 150 quilômetros do poço FZA-M-59, que está com pedido de licenciamento em análise pelo Ibama.