Vice-presidente dos EUA pede que ONU reconheça Guaidó
10 de abril de 2019O vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence, pediu nesta quarta-feira (10/04) que a ONU reconheça o líder oposicionista Juan Guaidó como presidente "legítimo" da Venezuela e revogue as credenciais de Nicolás Maduro.
"Chegou a hora de as Nações Unidas reconhecerem o presidente interino Juan Guaidó como legítimo presidente da Venezuela e de acomodarem seu representante [embaixador] neste órgão", defendeu Pence, durante um discurso no Conselho de Segurança da ONU.
Pence afirmou também que os Estados Unidos redigiram uma resolução para pedir apoio de todos os Estados na questão da Venezuela. "Maduro deve ir embora", destacou Pence. Os Estados Unidos estão entre os cerca de 50 países que reconheceram Guaidó, líder opositor que se autoproclamou presidente interino da Venezuela em janeiro.
O vice-presidente americano não deixou claro se a proposta de resolução será apresentada no Conselho de Segurança, que tem 15 membros, ou na Assembleia Geral, com 193 integrantes. Diplomatas disseram que é improvável que Washington consiga o apoio necessário para adotar a resolução. A proposta deve ser vetada pela Rússia, que manteve seu apoio a Maduro.
A Venezuela enfrenta uma grave crise econômica, social e política, que se aprofundou no início deste ano, quando, em 10 de janeiro, Maduro tomou posse para um segundo mandato, após eleições que não foram reconhecidas pela oposição e pela maior parte da comunidade internacional. Dias depois, Guaidó se autoproclamou presidente interino com a intenção de convocar um novo pleito.
Os Estados Unidos convocaram a reunião do Conselho de Segurança da ONU desta quarta-feira depois da divulgação de um relatório da ONU sobre o grave peso da crise econômica sobre o país sul-americano. De acordo com as estimativas das Nações Unidas, cerca de 7 milhões de pessoas, ou seja 25% da população venezuelana, precisam de ajuda humanitária.
As taxas de desnutrição triplicaram nos últimos anos, afetando principalmente crianças menores de cinco anos. Em 2018, a subnutrição afetou cerca de 3,7 milhões de pessoas no país.
As constantes quedas de energia estão piorando o acesso à água tratada, o que aumentou os riscos de doenças. O sistema sanitário sofre com a escassez de pessoal, medicamentos e equipamento e eletricidade.
Segundo a ONU, a mortalidade por doenças como diabetes, hipertensão, câncer e aids aumentou por falta de cuidados, enquanto doenças como tuberculose, difteria e malária estão voltando.
A crise no país interrompeu também a educação de mais de 1 milhão de crianças, e muitas pessoas precisam de proteção, sobretudo todas aquelas que abandonaram as suas casas e saíram do país, um número que alcançou os 3,4 milhões nos últimos anos.
Diante desse trágico cenário, a ONU pediu nesta quarta-feira o apoio da comunidade internacional para dar resposta ao "problema humanitário muito real" que existe na Venezuela.
"Podemos fazer mais para aliviar o sofrimento dos venezuelanos se obtivermos mais ajuda e apoio de todas as partes interessadas", disse o diretor de ajuda humanitária das Nações Unidas, Mark Lowcock, em discurso proferido perante o Conselho de Segurança.
Durante a reunião que tratou da questão venezuelana, Lowcock recordou também que a situação continua a se deteriorar com a contínua retração da economia e com o aumento da inflação "numa escala vista em poucos ou em nenhum país".
CN/rtr/afp/dpa/lusa
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