Verdes reafirmam aliança com SPD e oposição a Merkel
29 de abril de 2013Os verdes estão decididos a deixar a oposição e vencer a coalizão liderada pela chanceler federal Angela Merkel nas eleições legislativas na Alemanha, marcadas para setembro. Durante os três dias de convenção em Berlim, que terminou no domingo (28/04), os líderes da legenda discutiram as estratégias de campanha, que já não focam tanto no discurso ambiental e reforçam uma aliança com o Partido Social Democrata (SPD).
Já no início do congresso, a líder dos verdes, Cláudia Roth, atacou os adversários e descreveu as promessas da União Democrata Cristã (CDU) como “superficiais e cheias de surpresas desagradáveis”. Roth ainda criticou Merkel por, segundo ela, não assumir responsabilidade nas decisões relativas à proteção ambiental e oscilar na adoção de medidas: primeiro era a favor da produção de energia nuclear, mas mudou de opinião depois do acidente nuclear de Fukushima, em 2011.
“O próximo governo será verde e vermelho”, afirma a líder, aplaudida de pé pelos delegados do partido, em referência às cores da aliança entre verdes e social-democratas.
A pergunta agora é como os verdes vão fazer isso. O extenso programa de governo do partido, de 150 páginas, tenta responder essa questão, levando em conta que o discurso ambiental já não é mais a principal bandeira.
Igualdade de direitos
Um dos principais temas dos verdes, além da tradicional preocupação ambiental, é a justiça social. Muitas pessoas, argumenta o partido, dizem se sentirem excluídas da sociedade alemã devido a baixos salários, escassez de serviços públicos e incertezas sobre o sistema de seguridade social.
Os verdes dizem que a coalizão de Merkel falhou em aliviar esses problemas e citam, como exemplo, o fato de parte da parcela rica da população ter conseguido sonegar impostos ao depositar dinheiro no exterior.
"Nas questões sociais, algo deve ser mudado”, disse o delegado Alexander Maul, da cidade de Saarlouis. "É uma mentira que está tudo bem e que a Alemanha é o motor da Europa. Quem olhar atentamente para a estrutura, para as ruas e os trilhos do país, vai ver que muito dinheiro ainda deve ser investido. A chanceler esconde isso da população“, protesta Maul.
Para Jutta Bruns, candidata a deputada pelos verdes, o direito das mulheres também deve ser discutido. "Com essa imagem ultrapassada da mulher, não temos boas chances de futuro”, contesta.
O partido tem o mesmo número de cadeiras no Parlamento para homens e mulheres e, durante a conferência, os delegados ironizaram o fato de o movimento de Merkel querer estabelecer uma cota feminina apenas em 2020.
Ressalvas sobre aliança
Nos corredores da convenção, a aliança dos verdes com os social-democratas ainda é vista com alguma desconfiança. O bávaro Johann Mayer, por exemplo, defendeu uma campanha mais independente e menos ligada às ideias do SPD.
Mas, embora alguns verdes, como Mayer, não sejam grandes fãs do SPD, sabem que sem uma aliança as chances de vitória não existem. Na convenção, uma aliança com o partido de Merkel – por ser considerada prejudicial para os princípios do partido – não foi sequer debatida publicamente.
Prova disso foi que, ao chegar à convenção para discursar como convidado, o líder do SPD, Sigmar Gabriel, foi recebido com aplausos e abraços. Ao mesmo tempo, Katrin Göring-Eckardt, uma das principais candidatas verdes, deixou claro que a campanha do partido não ficaria à sombra dos social-democratas. Os eleitores, segundo ela, devem saber porém que uma aliança está em pauta.
A baixa popularidade do candidato do SPD a chanceler, Peter Steinbrück, parece não ser um empecilho. “Não é segredo para ninguém que Steinbrück tem cometido algumas gafes nos últimos seis meses”, comentou Maul durante a convenção. Mas isso, afirma, é um problema do SPD. O delegado acredita que, no geral, as plataformas dos dois partidos são compatíveis e suficientes para uma chance real de vitória na eleição.
Apesar da popularidade do SPD, no momento, não estar muito em alta, os verdes não consideram isso um problema. “Enquanto os social-democratas conseguirem mobilizar as pessoas, serei otimista”, comenta Robert Klein, do Partido Verde de Hamburgo. “Se o verde-vermelho não funcionar, então o vermelho-verde pode dar certo.”