Velejadores fazem em Kiel última estação antes de Atenas
21 de junho de 2004Vento forte e pancadas de chuva atrapalharam as atividades festivas de abertura da 122ª Semana de Kiel, o maior evento anual de vela do mundo. Alguns veleiros precisaram de até 10 horas, no sábado, para completar os 20 quilômetros de percurso da tradicional regata de abertura, ao fim da qual os participantes ganham uma enguia como prêmio. Neste domingo começaram as competições.
Prova do prestígio mundial da Semana de Kiel foi a intervenção da federação internacional de vela Isaf para que os velejadores olímpicos não deixassem de participar. A federação grega havia marcado seus campeonatos abertos para a mesma data. Nenhum participante da Olimpíada de Atenas (13 a 29 de agosto) deixaria de aproveitar a oportunidade para ensaiar para a competição, o que esvaziaria a Semana de Kiel.
"Normalmente, nenhum campeonato aberto é concorrente da Semana de Kiel, mas a seis semanas dos Jogos, na raia olímpica, seria mesmo problemático", diz Dieter Rümmeli, chefe da organização da festa no norte alemão. A pedido, a Isaf interveio e acertou com os gregos o adiamento de seus campeonatos para 8 a 12 de julho, garantindo o comparecimento das estrelas mundiais na raia do fiorde báltico.
Números astronômicos para o esporte
Ao todo cinco mil velejadores de 45 países estão inscritos na Semana de Kiel. Oito membros da delegação olímpica brasileira e toda a alemã aproveitarão a chance de acertar seus barcos, enquanto a dupla Marc Zellmer/Felix Krabbe (classe 470) ainda tentará obter sua classificação para Atenas. "Temos um rol de participantes de primeira classe: 15 medalhistas dos Jogos Olímpicos de Sydney, seis campeões mundiais e quatro europeus", orgulha-se Rümmeli.
Em oito dias, até o próximo domingo, duas mil embarcações disputarão cerca de 420 regatas. Mas a Semana de Kiel é mais do que uma competição para velejadores. Na marina da cidade, um telão foi instalado para o público acompanhar as regatas e um amplo programa cultural atrai leigos no esporte. Os organizadores esperam cerca de três milhões de visitantes às dependências do evento.
Kiel torce para que a festa corra perfeitamente. Afinal, a cidade disputa com Cádiz (Espanha), Cascais (Portugal) e Medemblik (Holanda) a concorrência para sediar em 2007 a Worlds, os jogos mundiais da vela. O evento acontece a cada três anos e centraliza os campeonatos mundiais das 11 classes olímpicas. A Isaf decide em agosto onde a próxima Worlds será realizada.
Esta semana, as classes olímpicas só entram na raia a partir de quarta-feira. Até lá, o fiorde de Kiel será das 16 classes internacionais, das quais participam sobretudo iatistas alemães e europeus.
Os brasileiros
A principal estrela da delegação brasileira é Robert Scheidt, sete vezes campeão mundial na classe Laser desde 1995. No ano passado, o paulista de 31 anos ficou em segundo lugar em Kiel, sendo que já venceu a semana em 1999 e 2000. Em 2001, foi eleito melhor velejador do mundo pela Isaf.
Também veteranos são Torben Grael e Marcelo Ferreira, que formam dupla na classe Star. Em 2003, ficaram em sexto lugar em Kiel, após terem sido campeões em 1989. Este ano, a dupla de Niterói (RJ) chega embalada pela conquista do campeonato sul-americano. Em 1990 e 1997, foram campeões mundiais.
Já João Signorini é bicampeão sul-americano (2002/2003) na classe Finn. O engenheiro carioca tem 26 anos. Mais novos que ele são André Fonseca, 25, e Rodrigo Duarte, 24, da classe 49. A dupla gaúcho-catarinense é tetracampeã brasileira, mas em 2003 ficou em 18º lugar em Kiel.
Completa o time o gaúcho Alexandre Paradeda, de 31 anos, com seu proeiro Bernardo Arndt, na classe 470. Paradeda, ou simplesmente Fandi, já foi campeão brasileiro oito vezes entre 1992 e 2003.