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Usain Bolt: o raio cai pela terceira vez?

Sarah Wiertz (pv)12 de agosto de 2016

Fenômeno jamaicano busca conquistar pela terceira vez a tríplice coroa nas provas de sprint do atletismo olímpico. Velocista, porém, tem sofrido com lesões e não tem os melhores tempos da temporada.

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Foto: Getty Images/AFP/A. Thuillier

É o anseio pelo único, pelo inigualável. Quem assiste a Usain Bolt numa corrida tem a sensação de estar próximo de testemunhar um acontecimento histórico. Toda vez que ele sai do bloco de partida um novo recorde mundial é possível. E Bolt sabe se apresentar como ninguém nos grandes palcos do atletismo – e por isso é adorado pelo público.

Competir, vencer e se divertir – nesse sentido os jamaicanos preenchem completamente o ideal dos Jogos Olímpicos. E estes, por sua vez, amam Bolt. Nas disputas olímpicas ele recebe a atenção máxima – do público e da mídia.

Nos Jogos Olímpicos de Pequim 2008, Bolt correu os 100 metros, os 200 metros e o revezamento dos 4x100 metros rasos – três medalhas de ouro e três recordes mundiais. Nascia um superastro do esporte mundial. Quatro anos depois, nos Jogos de Londres, o velocista de 1,96 metros de altura repetiu seu espetáculo: Jamaica tricampeã nas três principais provas do atletismo. E, em cada prova, Bolt venceu de forma convincente, com corridas que se assemelhavam a trotes de treinamento.

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Os pés mais rápidos do mundo: por melhor contato com o chão, velocistas usam sapatilhas de tamanhos menoresFoto: imago/Golovanov + Kivrin

"Ainda não estou totalmente em forma"

E, agora nos Jogos do Rio de Janeiro, ele vai em busca do triplo-triplo: será que Bolt consegue novamente garantir a tríplice coroa para a Jamaica? Previamente às provas classificatórias para os Jogos Olímpicos, o "Lightning Bolt" (raio Bolt) sofreu uma distensão muscular na coxa. Uma lesão desagradável para um velocista.

Apenas na etapa de Londres da Diamond League (série anual de competições de atletismo), duas semanas antes do início dos Jogos Olímpicos, o jamaicano correu a pela Associação Internacional de Federações de Atletismo (IAAF) exigida comprovação de desempenho. Atualmente, Bolt não lidera o ranking da temporada dos 100m, nem dos 200m rasos.

"Ainda não estou totalmente em forma. Tenho que trabalhar mais, mas alcançarei um bom tempo", disse Bolt, após ter completado os 200 metros em "apenas" 19,89 segundos – seu recorde mundial é de 19,19. Será que o homem mais rápido do mundo se recuperará a tempo? A sorte de Bolt é que sua primeira participação será apenas nove dias após o início dos Jogos, neste sábado (13/08), nos 100 metros rasos – distância na qual ele, por anos, se considerou muito grande e muito pesado, e também detém o recorde mundial (9,58 segundos).

O médico de sua confiança

Em suas grandes atuações nos últimos anos a dúvida geralmente não era se ele iria ganhar, mas apenas com qual tempo. O próprio Bolt confia que pode correr os 100 metros em 9,5 segundos – em algum ponto, ele vai achar até 9,4 segundos viável. Este atleta excepcional, porém, veio ao Rio de Janeiro com pouco ritmo de competição.

A grande dúvida é se a coxa lesionada suportará o esforço, ou se Bolt sentirá dores enquanto corre. No ano passado, no Campeonato Mundial em Pequim, ele saiu campeão em todas as três distâncias. Bolt está próximo de seu 30º aniversário (21 de agosto), mas os principais adversários, LaShawn Merritt (30), Tyson Gay (34) e Justin Gatlin (34), também não são mais jovens.

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A marca registrada de Usain Bolt: tido como um dos poucos velocistas limpos, ele é o favorito de federações e torcedoresFoto: Getty Images

Muito importante para o desempenho de Bolt é justamente um alemão: Hans-Wilhelm Müller-Wohlfahrt, médico da seleção de futebol e do Bayern de Munique. Müller-Wohlfahrt é o médico de confiança do velocista jamaicano e, em várias ocasiões, conseguiu recuperar o atleta a tempo para as competições. Com quais meios, devem se perguntar os mais desconfiados.

A crença na ilusão

Ao contrário de seus rivais – todos os finalistas do último Mundial já foram pegos no controle de doping ao menos uma vez –, Bolt nunca foi testado positivo. Também por isso, tanto a IAAF, a liderança do Comitê Olímpico Internacional (COI), assim como a maioria dos espectadores querem uma vitória dele. Para manter a crença ilusória de Olimpíadas limpas. E também para ver novamente o homem com sua felicidade caribenha executar sua famosa pose triunfante.