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Urso de Ouro em Berlim vai para longa de jovem diretora bósnia

Soraia Vilela18 de fevereiro de 2006

Urso de Ouro no Festival de Cinema de Berlim vai para ‘Grbavica’, longa dirigido pela jovem cineasta bósnia Jasmila Zbanic e dedicado às cicatrizes deixadas pela guerra em seu país.

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Jasmila Zbanic com o Urso de Ouro por 'Grbavica'Foto: AP

Contrariando as expectativas de que Michael Winterbotton poderia levar o Urso de melhor filme com seu longa híbrido entre documentário e ficção The Road to Guantánamo, a premiação máxima no Festival de Cinema da capital alemã acabou com a produção bósnio-croata-alemã-austríaca Grbavica. Winterbotton recebeu como consolo, ao lado de Mat Whitecross, o Urso de Prata por melhor direção.

O Grande Prêmio do Júri deste ano ficou dividido entre En Soap, de Pernille Fischer Christensen, e o iraniano Offside, de Jafar Panahi. O Urso de Prata para o melhor ator foi para o alemão Moritz Bleibtreu, do fraco e tão polêmico Partículas Elementares. Sandra Hüller ficou com o Urso de melhor atriz por sua atuação em Requiem, de Hans-Christian Schmidt.

O prêmio de melhor trilha sonora ficou para Peter Kam (Isabella, de Pang Ho-Cheung) e o Urso de Prata por uma performance artística extraordinária ficou com Jürgen Vogel (ator, co-roteirista e co-produtor de Der freie Wille, de Matthias Glasner). El Custodio, dirigido pelo argentino Rodrigo Moreno, recebeu o prêmio Alfred-Bauer por sua "perspectiva inovadora".

Documentários em alta

Embora o Festival de Berlim tenha tradicionalmente um espaço reservado aos documentários dentro dos ciclos paralelos, o número destes em 2006 ultrapassou a média dos últimos anos. Na mostra Panorama Dokumente foram 12 (entre estes o brasileiro Meninas, de Sandra Werneck e Gisela Camara) e no Fórum do Jovem Cinema nada menos que 15 títulos (entre eles Atos dos Homens, do brasileiro Kiko Goifman).

Berlinale 2006 Szenebild Paper Dolls
Cena de 'Paper Dolls'Foto: Berlinale

Isso significa que 12% de todos os longas exibidos no festival foram documentais. Muitos receberam elogios incessantes de público e crítica, como por exemplo Paper Dolls, de Tomer Heymann, que retrata travestis filipinos trabalhando em Israel. O filme recebeu o prêmio do público da seção Panorama.

Imigrantes e idosos

Outro destaque fica para Am Rande der Städte (Nos Subúrbios), da turco-alemã Aysun Bademsoy – um retrato de trabalhadores turcos que, após décadas vivendo na Alemanha, regressam à Turquia e formam verdadeiros guetos em condomínios fechados. Isolados em um mundo paralelo à sociedade local, eles se distanciam dos turcos que nunca saíram do país e se locomovem basicamente em um universo de concreto, protegido dia e noite do mundo exterior.

Do canadense Allan King, um dos pioneiros do direct cinema, Berlim exibiu este ano o belíssimo Memory for Max, Claire, Ida and Company. O filme acompanha com extrema delicadeza o dia-a-dia de idosos em uma clínica de Toronto, desenvolvendo a partir daí um tratado sobre a memória e a fragilidade do ser humano.

Penúrias do Leste alemão

Berlinale Panorama Der Kick
'Der Kick'Foto: berlinale

Outro longa de teor documental digno de nota é Der Kick, do alemão Andrés Veiel. Detendo-se à encenação de um drama baseado em fatos reais (o assassinato de um jovem nos arredores de Berlim), o filme exibe "brechtianamente" a miséria social em determinadas regiões do Leste da Alemanha reunificada.

Com apenas dois atores na tela (e no palco), que se revezam nos papéis dos algozes, seus pais, autoridades e mãe da vítima, o filme – que de longe pode ser associado a Dogville e Manderlay, de Lars von Trier – foi uma das boas surpresas do festival.